O
dinheiro arrecadado com as vendas será utilizado na aquisição de suprimentos e
pagamento de contas emergenciais dos docentes
Fonte: UOL Educação
Com os salários cortados devido à
permanência da greve iniciada há 22 dias, os professores da rede estadual de
ensino da Bahia decidiram realizar um protesto diferente na manhã desta
quinta-feira (3): montaram uma espécie de feira livre, em uma praça central de
Salvador para comercializar frutas e verduras. O comércio foi denominado de
“Feira da Sobrevivência”. O dinheiro arrecadado com as vendas será utilizado,
segundo a representante da categoria Marilene Betros, na aquisição de
suprimentos e pagamento de contas emergenciais dos docentes.
A decisão de montar banquinhas,
cerca de 12, na Praça da Piedade, uma das mais movimentadas e tradicionais de
Salvador, partiu de uma assembléia dos professores realizada ontem (2). “Já que
o governo decidiu cortar o salário dos professores nós tínhamos que encontrar
uma forma para que eles possam continuar sobrevivendo até que o governo decida
reabrir as negociações, porque, até lá, a nossa disposição é manter o
movimento”, disse Betros.
Uma professora, que preferiu não
se identificar, contou que está sem meios para pagar as contas de água e luz.
“Espero que o dinheiro que nós adquirirmos aqui dê para honrar esses
compromissos. Além disso, tenho filhos que precisam ser alimentados”, disse. A
população parecia corresponder às expectativas da classe, comprando.
A suspensão dos pagamentos
deve-se, segundo a Secretaria de Educação do Estado, ao fato de a greve ter
sido considerada ilegal pela justiça, tanto por um juiz de primeira instância,
quanto pelo Pleno do Tribunal de Justiça da Bahia, que determinou a retomada
imediata das atividades. O descumprimento da determinação judicial implica em
multa diária de R$ 50 mil.
A secretaria informa ainda que
está sendo cortado o ponto apenas nas escolas totalmente paralisadas. O governo
garante que de um total de 1.476 unidades no Estado, 500 funcionam normalmente.
Entretanto, os professores dizem
que só voltam às salas de aula mediante o cumprimento de um acordo, que a APLB
Sindicato, associação que congrega os professores baianos, diz ter firmado com
o Estado, de pagamento de 22% de reajuste.
O governo deu 6,5%, o mesmo
percentual concedido, este ano, a todos os servidores públicos estaduais, e,
conforme a Secretaria de Educação, está cumprindo o acordado na lei federal
12.364, de 2011, que prevê reajustes acima da inflação até 2014.
A APLB reclama também que o corte
nos salários foi feito sem critérios, “de forma aleatória e truculenta”,
alcançando, inclusive, aposentados e professores que estão licenciados. A
secretaria admitiu que houve erro em alguns casos mas, garante que haverá
ressarcimento em folha complementar a partir da próxima semana, quando também
deve acontecer uma nova reunião dos grevistas para tratar da continuidade ou
não do movimento.
Até lá eles continuam acampados
na sede da Assembleia Legislativa, no Centro Administrativo, onde estão desde o
início da paralisação. Os professores dizem que estão contando também com o
apoio de outras entidades de classe para permanecerem no local. Segundo
Marilene Betros, isso inclui doações financeiras.
Perguntada se o corte do ponto
dos professores não poderia desestimular os docentes, e determinar o fim da
greve, Marilene afirma que o efeito da medida tem sido o contrário. “Temos tido
demonstrações de que o corte só serviu para contrariar inclusive os poucos docentes
que ainda estão em sala de aula. Greve é um direito do trabalhador”, afirmou.
Marilene Betros estima que 70% dos 40 mil professores estaduais estejam com os
braços cruzados no Estado.
Enquanto isso, o governo tem
veiculado mensagem através do rádio e da televisão conclamado os professores a
voltarem ao trabalho, alertando para os prejuízos provocados ao alunado, que
necessitará de reposição dos dias parados, afirmando que o diálogo está aberto.
Nesta manhã está prevista também
uma passeata de alunos em apoio aos professores. Eles pretendem fechar a
Avenida Paralela, que á acesso ao Centro Adminsitrativo, onde funciona o
governo da Bahia. Os professores tem feito ainda panfletagens em bairros da
capital, com o auxílio de carros de som.
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