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terça-feira, 27 de setembro de 2011

GREVE COMEÇA COM APENAS 15% DE ADESÃO


Cerca de 300 professores interditaram a avenida Nazaré, no centro de Belém, na manhã de ontem, na passeata que marcou o início da greve dos professores da rede estadual de ensino
Fonte: Diário do Pará (PA)

Cerca de 300 professores interditaram a avenida Nazaré, no centro de Belém, na manhã de ontem, na passeata que marcou o início da greve dos professores da rede estadual de ensino. Segundo a avaliação da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a paralisação atingiu apenas cerca de 15% das 379 escolas da Região Metropolitana de Belém.

Os professores exigem o pagamento integral do piso nacional, de R$ 1.187, aprovado pelo Congresso e referendado pelo Superior Tribunal Federal. O governo do Estado inseriu já na folha de pagamento de setembro o equivalente a 30% da diferença para atingir o piso nacional. Sem acordo, os professores decidiram manter a greve por tempo indeterminado.

“Isso é esmola. Trinta por cento equivale a R$ 27 de aumento no nosso salário. De acordo com o Dieese (Departamento de Estatística e Estudos Socioeconômicos), nós tivemos uma perda de 78% nos últimos 16 anos”, afirma Matheus Ferreira, professor e secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores na Educação Pública no Pará (Sintepp).

“É miséria!/ É miséria!/ Piso precisa implantar/ Trinta por cento não dá”. O rock que emanava do trio dava o tom do coro dos desgostosos que se concentraram nos portões do Centro Integrado de Governo (CIG), local marcado para o encontro entre coordenadores do Sintepp e o governo. Munidos de carros de som, faixas e cartazes, os manifestantes causaram engarrafamento que durou por quase três horas.

O trânsito foi desviado para a Quintino Bocaiúva. Uma motorista tentou furar o bloqueio. Foi obrigada a dar marcha a ré, sob vaiais e gritos de “volta, volta!” dos professores. Cerca de 50 homens da PM, Rotam e Batalhão de Choque acompanharam o protesto.

Por volta das 11h, os sindicalistas foram recebidos pelo secretário especial de Estado e Promoção Social, Nilson Pinto, pelo secretário estadual de Educação, Cláudio Ribeiro, e pelo secretário adjunto de Gestão da Seduc, Waldecir Oliveira.

Durante a reunião, Nilson Pinto afirmou apesar do governo do Estado respeitar o direito de greve dos professores, não vê motivos para a paralisação. “Os 30% do piso estão sendo uma antecipação feita pelo governo do Estado. Nós decidimos pagá-los com recursos do nosso orçamento, sem esperar pelo envio de verba da União. Foi uma antecipação. A implementação total do piso depende do Ministério da Educação, só aí podemos oferecer o valor integral”, diz.

Nilson Pinto também reforçou que o governo adiantou para este mês a implantação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) da Educação, que garante um aumento na gratificação dos professores.

“Já disponibilizamos nossos recursos e esforços para os professores. Com recursos próprios, só com a implantação do PCCR e adiantamento dos 30% do piso já acrescentamos cerca de R$ 5,5 milhões na folha do Estado”, informou a secretária estadual de Administração, Alice Viana, sobre o impacto na folha de pagamento. Com informações de Leonardo Fernandes.

SALÁRIO INTEGRAL
A titular da Sead, Alice Viana, garante que os professores vão receber salários nesta sexta-feira sem nenhum tipo de redução ou prejuízo. Ela respondeu à alegação do Sintepp de que haveria ocorrido redução para alguns professores no mês de setembro.

Segundo a secretária, a especulação ocorreu com o processamento da folha prévia de pagamento, uma espécie de guia para a folha final. “Identificamos essa situação com cerca de 600 pessoas, mas que já foi corrigida”.
Falta de aulas revolta estudantes

Os cerca de 1.500 alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Visconde de Sousa Franco, na avenida Almirante Barroso, no Marco, foram recebidos ontem com o portão fechado. Às 7h30 só haviam três professores na escola. A maioria dos estudantes estava sendo dispensada pelo porteiro e nem chegou a entrar no prédio.

A estudante Alessandra Caroline da Silva Freitas estava revoltada e preocupada, assim como a maioria dos colegas. Segundo ela, se a greve durar um mês, as provas de recuperação vão passar para o outro ano e a 4ª avaliação só deverá ser realizada lá para março do ano que vem. “Isso só vai atrasar a gente”.

Vanessa Raiol, do 3º ano, disse que os colegas de turma iriam formar uma comissão para ir até a Basílica Santuário, onde os grevistas planejavam se concentrar pela manhã, para protestar contra a greve.

Os estudantes do terceiro ano não aceitam a greve, que pode prejudicar a preparação deles para o Enem e para o vestibular. “Eles não vão adiar as provas por causa da greve e quem se lasca é a gente”, desabafou.

No colégio Paes de Carvalho, no centro, a situação era diferente. Os professores fizeram um acordo com os 1.600 estudantes e estavam realizando as provas de recuperação.

Segundo o professor José Demétrio, a greve seria respeitada, “mas vamos garantir as provas de recuperação”. Ele disse que também serão realizadas oficinas para os alunos do terceiro ano se prepararem para o Enem e o vestibular.

EM ASSEMBLEIA
Em Redenção, que possui três escolas estaduais, os professores ainda não aderiram à paralisação. Uma assembleia organizada pelo Sintepp local deve ocorrer até o final da semana, para definir os rumos do movimento no município do sul do Estado.

Municípios do sul do Pará ainda não aderiram à greve
A expectativa é que apenas hoje os professores da rede estadual de ensino de Marabá, sudeste do Estado, iniciem a greve no município. A decisão foi tomada em assembleia geral, no início da noite de ontem, na Escola Martinho Motta da Silveira, núcleo Nova Marabá.

Com a paralisação dos professores, 15 mil alunos devem ser atingidos nas 19 escolas estaduais do município. Atualmente, 260 professores trabalham na rede estadual de ensino em Marabá, sendo que este número também inclui os do Sistema Modular de Ensino, que trabalham na zona rural.

Wendel Lima Bezerra, coordenador geral do Sintepp de Marabá, informou que a assembleia serviu apenas para definir o calendário de reuniões e atos no município, uma vez que a maioria dos professores é concursada na rede municipal.
Até o fechamento desta edição, os professores continuavam reunidos para verificar como ficaria o cronograma

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