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terça-feira, 31 de maio de 2011

ESTUDANTES CRITICAM PARALISAÇÃO DOS PROFESSORES



Durante todo o dia de ontem, grande parte dos alunos da rede estadual de ensino ficou sem aula devido a mais uma paralisação dos professores estaduais
Fonte: Diário do Pará (PA)

Durante todo o dia de ontem, grande parte dos alunos da rede estadual de ensino ficou sem aula devido a mais uma paralisação dos professores estaduais.

Se já não bastasse o atraso no início do ano letivo, que começou no mês de abril, os alunos ainda precisam encarar as frequentes suspensões de aula por conta das reivindicações dos docentes, que continuam na luta pela implementação do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração (PCCR).

No período de dois meses, essa foi a terceira paralisação nas escolas estaduais, ato público que parece já fazer parte do calendário estadual de ensino.

Aluna da oitava série da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Augusto Meira, Pietra Gomes tomou um susto quando chegou ao colégio e encontrou os portões fechados.

“É horrível, a gente sai de casa pra estudar e não tem aula. No final, quem se dá mal são os alunos. É uma paralisação aqui, outra paralisação ali. Não tem condições de estudar assim. Ainda nem fizemos a primeira prova, os alunos da escola particular já estão na segunda. E o pior é que eles não avisam nada”, desabafa.

Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Visconde de Souza Franco a reação dos alunos não foi diferente. O estudante do primeiro ano do ensino médio Roseno Rodrigues entrou na escola na expectativa de mais um dia de aula e saiu com a frustração de um deslocamento em vão.

“A gente chega aqui e não tem aula. Eles não avisam nada. Isso não é bom. Já vai ter prova na semana que vem e a gente fica prejudicado”, conta.

No Visconde de Souza Franco apenas uma turma de convênio teve aula normal, por conta de um professor que não aderiu à paralisação.

“Eu acho totalmente certo, acharia ótimo se outros professores também agissem assim. Se tiver greve vai atrapalhar o conteúdo e mais uma vez vamos ficar até março tendo aula. Quem sai prejudicado somos nós, a culpa não é nossa se eles estão ganhando mal. Eles estudaram, se formaram e sabiam quanto iam ganhar”, destaca a aluna do terceiro ano do ensino médio, Ires Aguiar, que em breve vai fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O estudante Breno Souza, aluno da sétima série da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Pinto Marques, teria aula de religião na manhã de ontem, mas acabou tendo que voltar pra casa antes da hora.

“A gente gasta dinheiro pra não ter aula. Acordei 4h30 da manhã, vim no ônibus apertado e nada”. Segundo ele, a professora da disciplina ainda não deu nenhuma aula desde o início do ano, com a paralisação a situação só se agrava.

As escolas estaduais Deodoro de Mendonça, Orlando Bitar e Paes de Carvalho estão no período de provas e não tiveram as avaliações suspensas.

Na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Pedro Amazonas Pedroso, mesmo com o movimento pequeno, as aulas aconteceram normalmente.

O professor de Educação física, João Ruivo, foi um dos docentes que não aderiram à paralisação e logo cedo estava na escola aguardando os alunos. “O movimento está 30% menor, acho que devido à divulgação da paralisação muitos alunos acabaram não vindo”, conta.

Seduc diz que das 1.200 escolas, 300 suspenderam as atividades
A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informa que, em função da paralisação anunciada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Pará (Sintepp), das cerca de 1.200 escolas da rede pública estadual, aproximadamente 300 tiveram suas atividades suspensas parcialmente ou totalmente.

A Seduc ressalta que respeita as reivindicações dos trabalhadores, mas reitera que o Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) está em processo de implantação e que para isso está trabalhando em conjunto com a direção do sindicato.

A Seduc diz que mantém o esforço de não alterar a rotina dos 800 mil estudantes atendidos na área metropolitana e nas demais regiões do estado, e com isso espera garantir o cumprimento do ano letivo e os 200 dias, no mínimo, previstos pela Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB).

Na região metropolitana, das 379 unidades de ensino, 70 paralisaram as atividades: 14 parcialmente e 58 por completo. No conjunto Maguari, em Belém, onde está localizada a escola Maria Gabriela Ramos Oliveira, com cerca de 1.189 estudantes, o dia foi de aplicação de provas.

“Nós começamos nossas avaliações hoje. Acertamos com os professores para não prejudicar as aulas que já começaram atrasadas”, disse a professora Sandra Lemos.

Na jurisdição da Unidade Seduc na Escola do Tapanã, que abrange 24 unidades e envolve ainda os bairros do Benguí e Sacramenta, somente as escolas Márcio Aires e Marilda Nunes suspenderam as atividades.

Segundo a Seduc, apesar do Sintepp estabelecer prazo para implantar o PCCR dos profissionais de Educação, o Governo do Estado mantém a posição: reafirma que a mesa de negociação continua aberta e vê o Plano “como um importante instrumento para a melhoria da qualidade da Educação”.

Afirma que os dois passos para se chegar a execução do PCCR passa pela regulamentação do decreto com as correções de alguns artigos da lei que estão inconsistentes e que precisam ser revistos, e atualização do cadastro da Seduc que não foi realizado nos últimos quatro anos






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