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quinta-feira, 28 de abril de 2011

PARALISAÇÃO NO DIA DE VOLTA ÀS AULAS

No primeiro dia de aula, quando o calendário das escolas municiais voltaria à normalidade desestabilizada pela greve de 2009, professores paralisam as atividades

Fonte: O Povo (CE)

As aulas das netas começariam ontem pela manhã. Preparou as meninas, deixou-as aos cuidados do esposo e foi ao centro de saúde. Quando tornou, encontrou a sala cheia de crianças. Fardadas e barulhentas, comentavam a extensão das férias: os professores dasEscolas municipais de Fortaleza entraram em greve. Justo quando o calendário Escolar municipal ia regularizar depois dos quarenta dias de paralisação em 2009, antecedidos por greves em 2005, 2006 e 2007.

Nas quadras do Campo América, Meireles, os meninos vendiam rifas nos vizinhos, brincavam de elástico, corriam soltos. “É bagunçado, assim. Desorganiza o estudo das meninas. O jeito é juntar um dinheirinho e mudar pra Escola privada”, reclama a vendedora de queijos Sebastiana Almeida, 47 anos, cujas netas estudam na Escola Municipal de Ensino Infantil e Médio (Emeif) José Ramos Torres de Melo, na Aldeota.

Conforme a Secretaria Municipal de Educação (SME), através da assessoria, não há integralidade no movimento, por isso o órgão faz levantamento em todas as Escolas da rede para descobrir quanto está paralisado e assim repensar o novo calendário de aulas.

Demandas
Os educadores pleiteiam salário em conformidade com a resolução do Supremo Tribunal Federal (STF). Em outras palavras: nenhum professor com carga horária de 40 horas semanais deve receber salário base abaixo de R$ 1.187. O salário para professores municipais de Fortaleza com ensino médio é R$ 1.003,65. Toda a tabela salarial restante “sofre” em decorrência disso.

O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação gerou tabela salarial cujo salário base nível um para professores com ensino médio é R$ 1.597,87 e o base nível 32 paraprofessores com doutorado é R$ 6.434,92. O titular da Secretaria Administrativa do Município (SAM), Vaumik Ribeiro, prefere não comentar a proposta dos manifestantes, apenas destaca: “Abaixo do valor indicado pelo STF como piso estão 261 dos 11.271professores municipais de Fortaleza”.

Como Sebastiana vê bagunça na greve, a pedagoga Maria Sheila de Aquino, 50 anos, olha o próprio contracheque e acha os números aleatórios. “Estou no nível 11 e tenho especialização, eu deveria ganhar salário base de R$ 3.030,05. Mas ganho R$ 1.767,65. Esse valor não bate nem com a tabela atual do município”, queixa-se.

De acordo com a tabela municipal de Fortaleza, a pedagoga com especialização em docência deveria ganhar R$ 1.525,39 mais gratificações. De acordo com o secretário Vaumik Ribeiro, o contracheque da Sheila está equivocado. “O contracheque é gerado automaticamente. Se ela está no nível 11 e não ganha R$ 1903,23, está errado”.

ENTENDA A NOTÍCIA
O dia de ontem estava marcado no calendário das Escolas municipais de Fortaleza. Como o primeiro dia do ano letivo 2011 e como o dia quando a rotina voltaria ao normal após quatro greves dos professores desde 2005

Janaína Brás
janainabras@opovo.com.br










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