PESQUISA

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Que Estado não monopolize educação no Ocidente, pede Santo Padre


11 de Janeiro de 2011


Ao felicitar o Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé pelo ano novo


Fonte: Zenit

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 10 de janeiro de 2011 (ZENIT.org) - Bento XVI incentivou a promoção de sistemas de ensino que respeitem o direito dos pais a escolher a educação dos seus filhos.
Ele fez isso em seu discurso aos membros do Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé, ao recebê-los na manhã de hoje em audiência, na Sala Régia do Palácio Apostólico Vaticano, para a apresentação de felicitações para o novo ano.
"Exorto todos os governos a promoverem sistemas educativos que respeitem o direito primordial das famílias de decidir sobre a educação dos filhos e que se inspirem no princípio de subsidiariedade, fundamental para organizar uma sociedade justa", disse.
O Papa qualificou como "preocupante" que o serviço que as comunidades religiosas oferecem à sociedade por meio de iniciativas no âmbito da educação das jovens gerações seja "comprometido ou dificultado por projetos de lei que correm o risco de criar uma espécie de monopólio estatal em matéria escolástica".
E indicou que isso "se constata, por exemplo, em certos países da América Latina", onde muitas nações estão comemorando "o segundo centenário da sua independência, ocasião propícia para se recordar a contribuição da Igreja Católica para a formação da identidade nacional".
Em referência ao âmbito educativo e às ameaças à liberdade das famílias, o Papa lamentou que, em alguns países europeus, "a participação em cursos de educação sexual ou cívica que propagam concepções da pessoa e da vida pretensamente neutras, na realidade, refletem uma antropologia contrária à fé e à reta razão".
Marginalização da religião
O Pontífice também se referiu a outras ameaças que o pleno exercício da liberdade religiosa sofre no Ocidente.
Falou aos diplomáticos presentes de "países onde se reconhece uma grande importância ao pluralismo e à tolerância, enquanto a religião sofre uma crescente marginalização".
"Tende-se a considerar a religião, toda a religião, como um fator sem importância, alheio à sociedade moderna ou mesmo desestabilizador e procura-se, com diversos meios, impedir toda e qualquer influência dela na vida social", advertiu.
"Deste modo, chega-se a pretender que os cristãos ajam, no exercício da sua profissão, sem referimento às suas convicções religiosas e morais, e mesmo em contradição com elas", acrescentou.
Neste sentido, deu o exemplo das "leis que limitam o direito à objeção de consciência dos profissionais da saúde ou de certos operadores do direito".
Ao mesmo tempo, apontou como um motivo de alegria a "adoção, no Conselho da Europa, no passado mês de outubro, de uma Resolução que protege o direito do pessoal médico à objeção de consciência face a certos atos que lesam gravemente o direito à vida, como o aborto".
Também destacou que "outra manifestação da marginalização da religião, e particularmente do cristianismo, consiste em banir da vida pública festas e símbolos religiosos, em nome do respeito por quantos pertencem a outras religiões ou por aqueles que não acreditam".
"Agindo deste modo - indicou -, não apenas se limita o direito dos crentes à expressão pública da sua fé, mas cortam-se também raízes culturais que alimentam a identidade profunda e a coesão social de numerosas nações."
Sobre a questão da exposição pública de símbolos religiosos, recordou que, "no ano passado, alguns países europeus associaram-se ao recurso apresentado pelo governo italiano na causa, bem conhecida, da exposição do crucifixo nos lugares públicos".
E expressou sua "gratidão às autoridade destas nações e a quantos se empenharam neste sentido, episcopados, organizações e associações civis ou religiosas, particularmente ao Patriarcado de Moscou e demais representantes da hierarquia ortodoxa, bem como a todas as pessoas - crentes, mas também não crentes - que sentiram necessidade de manifestar a sua adesão a este símbolo grávido de valores universais".
Finalmente, sublinhou que "reconhecer a liberdade religiosa significa, além disso, garantir que as comunidades religiosas possam agir livremente na sociedade, com iniciativas nos sectores social, caritativo ou educativo. Pode-se constatar por todo o lado, no mundo, a fecundidade das obras da Igreja Católica nestes âmbitos".

Nenhum comentário:

Postar um comentário