18/01/2011
Programa Mais Educação do MEC será ampliado neste ano. Mesmo assim, salto
ainda é considerado tímido. No Paraná, 115 escolas foram pré-selecionadas
Fonte: Gazeta do Povo (PR)
Fonte:http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na-midia/12882/3-milhoes-de-alunos-terao-ensino-integral-em-2011
O programa do governo federal Mais Educação, criado pelo Ministério
da Educação (MEC) em 2007 e que tem por objetivo implantar o ensino
integral no Brasil, deverá chegar a 3 milhões de estudantes em 2011. O número é
677% maior do que o que existia em 2008: 386 mil. Mesmo com a ampliação, o
salto ainda é considerado tímido. Isso porque uma das principais metas do novo
Plano Nacional de Educação é que metade dos estudantes tenha acesso ao ensino
integral até 2020.
Em 2010, o Censo Escolar da Educação Básica registrou 42 milhões
de meninos e meninas na rede pública. Portanto, para se chegar à meta da
próxima década, seria necessário aumentar em sete vezes o número de
participantes do Mais Educação.
Para o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais
de Educação (Undime), Carlos Eduardo Sanches, a ampliação do
Mais Educação não chega a todas as prefeituras, mas é um bom começo.
“O reflexo é positivo porque os municípios sozinhos não dão conta. Nossa
expectativa é que ocorra uma ampliação significativa, apesar de sabermos que
isso demanda tempo.”
Promessa do governo no Paraná é elevar a marca
Na última campanha para o governo do estado a Educação integral foi
um tema que tomou espaço entre os candidatos. Beto Richa e Flávio Arns,
governador e atual secretário de estado da Educação, respectivamente,
anunciaram que os municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
teriam prioridade. Hoje 246 Escolas estão inscritas no
MaisEducação no Paraná.
Com a ampliação do Mais Educação em 2011, as secretarias municipais e
estaduais deEducação de 1.499 municípios em todo o país terão até o dia 28
de fevereiro para se inscrever no programa. A seleção das Escolas partiu
do baixo desempenho no Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb). No Paraná, 115 Escolas já foram
pré-selecionadas pelo MEC.
A notícia da ampliação do programa foi bem recebida pelos municípios também
porque o governo federal anunciou, no início da última semana, que o valor
investido por aluno subirá R$ 300, passando de R$ 1,4 mil para R$ 1,7
mil. O crescimento é puxado principalmente pelo Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que teve uma ampliação
de 13% em 2011, chegando a R$ 94 bilhões.
Com o programa, cada Escola recebe cerca de R$ 37 mil direto na conta
da associação de pais e professores. O Programa Dinheiro Direto
na Escola (PDDE) garante menos burocracia no repasse de verbas e mais
agilidade. Além disso, estimula que a Escola conte com parceiros na
própria comunidade para que o município não precise realizar um grande
investimento em infraestrutura, por exemplo. A iniciativa mostra que, para
implantar o ensino integral, não é necessário nenhum orçamento gigantesco, mas,
sim, um gasto de qualidade.
Desafios
O programa do MEC também pode corrigir uma distorção em relação aos demais
países. Osalunos brasileiros estão entre os que passam menos tempo na Escola,
o que seria uma das explicações para o baixo desempenho em exames
internacionais que comparam diversos sistemas de ensino do mundo, como o
Programa Internacional de Avaliação dos alunos (Pisa). Aqui as crianças
ficam em média 800 horas por ano na sala de aula, enquanto na China
os alunos passam 1,2 mil horas por ano na Escola.
Uma das maiores preocupações dos especialistas no Brasil, porém, é que o ensino
integral não represente realmente a melhora da Educação brasileira e
repita os erros da jornada parcial. A Escola tem de se tornar
interessante e não um “depósito” de meninos e meninas para evitar que eles
fiquem “na rua”, dizem os especialistas. A formação do currículo deve ser uma
das primeiras realizações da equipe pedagógica. A ampliação do número de horas
de aprendizagem é um direito e não deve ser uma política
assistencialista.
No Mais Educação, cada Escola decide quais atividades serão
oferecidas e como será a distribuição. A verba disponibilizada pode, inclusive,
ser utilizada para a contratação deeducadores comunitários. Segundo o
coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, o
Mais Educação, porém, ainda falha por não estimular o debate sobre a
melhoria da Escola pública. “É um primeiro passo, mas é importante
que se discuta o currículo e como devem ser as atividades, para que não se
repita a péssima qualidade de ensino que temos hoje”, afirma. Ele acredita que
tornar o ensino parcial oferecido hoje em integral é quase um castigo aos
meninos e meninas.
As crianças precisam passar mais tempo na Escola, mas é necessário que
seja em uma boaEscola. Na opinião de Cara, os professores têm de ter
objetivos pedagógicos e não repressores. “O argumento ocupacional não é válido.
A criança precisa de convivência e aprendizado em um espaço lúdico.”
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