06 de janeiro de
2011 | 13h 09
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,educadores-criticam-abolicao-de-termo-progressao-continuada,662823,0.htm
Especialistas dizem que o governo deveria estar
preocupado em mudar a forma como o modelo foi implementado
Tiago Dantas - Jornal da Tarde
Em vez de abolir o termo “progressão continuada” da rede estadual
de ensino, o governo deveria estar preocupado em mudar a forma como o
modelo foi implementado, segundo educadores ouvidos pelo Jornal da
Tarde. “O nome não vai mudar muita coisa. O problema é evitar que esse
modelo que está aí se transforme em aprovação automática”, opina a
professora da Faculdade de Educação da USP Silvia Colello.
“Acho um equívoco
não querer usar o termo só porque está mal visto pela sociedade”, opina a
presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de
São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha. “A progressão continuada
veio do movimento de professores e da Academia, de pessoas que lutavam
contra a evasão escolar e a repetência”, completa a sindicalista.
Segundo Maria
Izabel, a sociedade precisa entender que o melhor professor não é “o que
reprova. Mas, sim, o que ensina mais e melhor”. Antes de atingir esse
estágio, de acordo com a presidente da Apeoesp, é preciso que o governo ouça a
classe, invista na formação dos professores e na redução do número de
alunos por sala. “As decisões não podem vir só de cima para baixo. As
escolas podiam ser consultadas se querem adotar ou não a progressão continuada”.
“Não existe progressão continuada no Estado”, declara o professor da
Faculdade de Educação da USP Vitor Henrique Paro. “O sistema de ciclos nunca
foi adotado (como deveria)”, critica o professor.
A discussão,
segundo Silvia Colello, vai além do modelo educacional. A sociedade não
valoriza o conhecimento como deveria, na opinião da professora da USP. “O
saber não é socialmente valorizado em uma comunidade onde 90% dos garotos
querem ser jogadores de futebol e 90% das garotas querem ser modelos.
Como resolver isso? É um desafio que teremos que enfrentar”, diz Silvia.
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