29/10/2010
Governo paulista muda sistema de
aquisição de material escolar, concentra compras em apenas quatro empresas e
termina pagando bem mais caro
ESTRATÉGIA
Mudança
no sistema de compras foi autorizada por Paulo Renato
O sistema de compras
de material escolar das instituições de ensino estaduais de São Paulo tornou-se
mais um foco de suspeitas no governo tucano, que controla o Estado há 16 anos.
Até este ano, o sistema sempre funcionou da mesma maneira. O diretor de cada
instituição orçava em sua região o preço de itens como papel higiênico e caneta
em três fornecedores diferentes, optando pelo mais barato. Agora, sem maiores
explicações, o mecanismo mudou. O secretário de Educação, Paulo Renato Souza,
criou a Rede de Suprimentos da Rede Estadual de Ensino, em que quatro empresas
escolhidas via licitação fornecem os produtos para as cerca de 5,8 mil escolas
estaduais. Kalunga, Gimba, Reval e Inforshop são agora as responsáveis pelo
abastecimento das escolas e cada uma atua em uma região. No novo sistema, o
diretor entra no site da empresa, escolhe os produtos e os recebe em até cinco
dias úteis após feito o pedido.
Tudo seria perfeito
não fosse o fato de os preços dos produtos vendidos por essas empresas serem
maiores do que os dos tradicionais fornecedores de outras instituições do
Estado. A Bolsa Eletrônica de Compras (BEC), que é vedada às escolas, mas pode
ser utilizada por todos os outros órgãos estaduais como a polícia e as
autarquias, evidencia a enorme discrepância de preços. A resma de 500 folhas de
papel sulfite formato A4 é cotado a R$ 7, 63 na BEC. Em seu site de vendas às
escolas, a Kalunga vende o mesmo produto por R$ 11,42. Outro exemplo é o
cartucho para impressora Epson, vendido pela Inforshop por R$ 92,76 contra R$
62,59 pela BEC pelo produto com as mesmas especificações técnicas.
Segundo a Federação
para o Desenvolvimento da Educação, responsável pelo fornecimento de material
para as escolas, o preço cobrado contemplaria despesas de logística. Diretores
das escolas, no entanto, negam a ocorrência desses custos. A Secretaria de
Educação do Estado de São Paulo, apesar das fartas evidências de sobrepreço,
alega que houve uma diminuição dos gastos com a implantação do novo sistema. As
contas, porém, não confirmam.
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