Projeto dos ministérios da Saúde e Educação começa a ser testado em
janeiro em seis instituições de ensino
Fonte:
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/maquina+de+camisinhas+chega+as+escolas+publicas+em+
2011/n1237797640645.html
2011/n1237797640645.html
Lívia
Machado, iG São Paulo | 13/10/2010
18:22
Em vez de balas, biscoitos e salgadinhos, máquinas em seis escolas
públicas do Ensino Médio dos Estados de Santa Catarina, do Distrito Federal e
da Paraíba oferecerão dois tipos de preservativos. A partir de janeiro de 2011,
os alunos dessas instituições poderão retirar, gratuitamente, por meio do
código de matrícula e uma senha individual, camisinhas.
ENQUETE
Você é a favor da distribuição de preservativos nas escolas?
Sim, ajuda na
educação sexual e prevenção de doenças
34%
Porcentagem
Não, o acesso a
camisinhas na escola incentiva a prática sexual
66%
Porcentagem
A inovação tecnológica – e na prática da educação sexual – faz
parte do projeto piloto do Programa Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE),
realizado pelos ministérios da Saúde e Educação, para reduzir a vulnerabilidade
de adolescentes e jovens às doenças sexualmente transmissíveis (DST), à
infecção pelo HIV e à gravidez não-planejada. Serão fornecidos preservativos
masculinos, com duas opções de largura.
A ideia, explica a assessora técnica do departamento de Doenças
Sexualmente Transmissíveis e Hepatites Virais do Ministério da Saúde Ellen
Zita, é “atender às necessidades dos adolescentes” e fazer com que a escola
seja um canal de enfrentamento aos problemas sociais vividos pelos jovens. “O
que for necessidade do adolescente deve ser atendido. A escola tem
condições de abrigar e distribuir o preservativo.”
Para oferecer tal serviço, as instituições precisam participar do
Programa Saúde e Prevenção nas Escolas, responsável por capacitar educadores e
estabelecer um projeto pedagógico voltado à educação sexual. A entrada da
máquina também depende da aceitação da comunidade escolar.
O interesse em participar é voluntário – depende da vontade de cada
escola – e deve ser comunicado ao Ministério da Saúde. Caberá às secretarias da
Saúde o abastecimento e controle do material. Ellen afirma que ainda não foi
definido o número de preservativos que cada aluno terá direito a retirar e nem
a frequência com que poderá recorrer à máquina.
“Esta parte será definida após o projeto piloto. Os responsáveis pelas
instituições farão esse controle e distribuição de fichas ou senhas aos
alunos.”
Pesquisa
mostra aprovação da iniciativa
Uma pesquisa encomendada à Unesco pelo governo, publicada em 2007,
revelou a boa aceitação de pais, professores e alunos aos preservativos nas
escolas. Embora alguns setores acreditem que este tipo de ação do programa
Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) possa incentivar a prática sexual entre os
alunos, a disponibilização do preservativo no ambiente escolar foi
considerada “uma ideia legal” para 89,5% dos estudantes e 63% dos pais consultados.
Apenas 5,1% dos alunos, 6,7% dos professores e 12% dos pais pesquisados acham
que essa “não é função da escola”.
Na avaliação do Ministério da Saúde, os números mostram que, quando a
iniciativa é atrelada a um projeto pedagógico e há discussão com a comunidade
escolar, a distribuição de camisinha nas escolas é bem aceita. “As máquinas são
ferramentas para facilitar ainda mais o acesso do estudante à camisinha”,
afirma Ellen.
O principal motivo alegado por 42,7% dos estudantes para não usar o
preservativo é não tê-lo na hora “H” e 9,7% deles declararam que não têm
dinheiro para comprá-lo. O estudo revelou que 44,7% dos estudantes têm vida
sexual ativa. Em relação ao preservativo, 60,9% dos estudantes declaram ter
usado na primeira relação sexual e 69,7% fizeram uso na última.
O provável hiato entre a distribuição gratuita e a garantia do uso
não preocupa o governo. Segundo Ellen, o projeto aborda as necessidades
coletivas dos jovens, não o controle individual. “Não fazemos pesquisa
comportamental dentro da escola. Serão os indicadores de evasão escolar por
gravidez, redução nas infecções sexuais que vão nos mostrar o sucesso ou
fracasso de tal iniciativa (no caso, a máquina de camisinhas).”
Criar um mercado paralelo de venda de camisinhas ou permitir que tal
contraceptivo seja usado de forma lúdica - como um brinquedo dentro do
ambiente escolar - também não diminui as expectativas positivas do governo.
“Não trabalhamos com hipóteses negativas. A ideia é progressista, positiva.
Toda iniciativa corre risco de desvio. Debateremos isso quando acontecer.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário