16/10/2010
Serviço terceirizado foi contratado para proteção
de 13 escolas da capital.
Consultor em Segurança Pública critica medida.
Consultor em Segurança Pública critica medida.
Do G1, em São Paulo
Escolas estaduais de Porto Alegre começam a receber
nesta quarta-feira (15) vigilantes armados 24 horas por dia. O serviço
terceirizado, que custará R$ 7.500 mensais por unidade, começou em dez escolas
e inclui outras três até sexta-feira (17).
O alto investimento em segurança foi o recurso
encontrado pela Secretaria de Educação para tentar coibir arrombamentos e
furtos de equipamentos nessas escolas, consideradas as mais vulneráveis à
violência. “Tem um custo elevado, mas vai se traduzir em resultados”, disse o
secretário da Educação do Rio Grande do Sul, Ervino Deon.
Para o consultor em Segurança Pública e
ex-secretário nacional de Segurança, José Vicente, a ação é uma "insanidade
absoluta". Segundo Vicente, a proteção do patrimônio pode ser feita com
outros recursos, como sensores, câmeras e chips nos equipamentos que disparem
alarmes. "A escola, sendo um ambiente público, deveria ter uma ação
pública e não privada", afirmou.
Apesar de não apresentar dados, Deon afirmou que as
escolas foram escolhidas de acordo com levantamentos feitos pelas polícias
Civil e Militar. O contrato com a empresa de segurança tem duração de um ano e
prevê que cada uma das escolas terá uma dupla de vigilantes. Cada um fica na
escola 12 horas. “Hoje, as escolas estão sendo supridas com muitos
equipamentos, como computadores, laptops e máquinas fotográficas, que
interessam ao delinquente”, disse o secretário.
Segundo levantamentos do governo, os arrombamentos
ocorrem geralmente à noite, nos finais de semana e feriados. “Tem casos que, em
um mês, ter dois, três acontecimentos já é anormal. Não é possível que uma
escola, em 30 dias, tenha três a quatro arrombamentos”, disse Deon.
De acordo com Vicente, o problema mais grave da
adoção da vigilância armada 24 horas é a exposição de estudantes, professores e
funcionários a profissionais armados e despreparados. Na opinião dele, esse
tipo de vigilância poderia ser feito, no máximo, fora dos horários de aula.
Além das 13 escolas com vigilância armada, outras
15 unidades de Porto Alegre passarão por obras para aumentar ou construir muros
e colocar portões eletrônicos, de acordo com a secretaria. A previsão é que
sejam gastos R$ 4,3 milhões.
“Essas 28 surgiram de critérios, como, por exemplo,
ter maior índice de registros de ocorrências. Aquelas que estão localizadas em
locais muito vulneráveis socialmente, próximo a grandes aglomerados, de vilas,
afastadas, escolas grandes, com uma área enorme, que o infrator tem interesse
porque tem mais condições de encontrar mais equipamentos”, disse Deon.
Alarmes
De acordo com a secretaria, está em estudo a
viabilidade da instalação de alarmes monitorados nas escolas ligados
diretamente ao Centro de Operações da Brigada Militar.
"Temos que encontrar uma saída emergencial
para estancar isso, para proteção a quem lá trabalha, e manter as boas
condições desse mobiliário, desse instrumento que as escolas estão recebendo,
que a sociedade paga e que também a gente está vendo que o prejuízo tem um
elevado custo", afirmou Deon. O secretário não soube dizer qual é o valor
do prejuízo com arrombamentos e furtos nas escolas.
De acordo com a Secretaria de Educação, não há
impedimento legal para a adoção de vigilância armada nas escolas.
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