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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A UMA SEMANA DO FIM DO ANO LETIVO, PROFESSORES GAÚCHOS DECRETAM GREVE

10 de dezembro de 2009

Os professores da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira (15)
Fonte: UOL Educação


Flávio Ilha
Porto Alegre

Os professores da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira (15). Os docentes querem a retirada dos projetos enviados à Assembleia Legislativa pelo governo que concedem aumento salarial e elevam o piso da categoria para R$ 1,5 mil.

Atualmente, cerca de 32 mil professores recebem salário-base, sem vantagens, de R$ 862 para 40 horas semanais. A justificativa da direção do Cpers/Sindicato, que representa a categoria, para a greve é de que a proposta de reajuste não representa aumento real de salário, mas apenas um abono para os salários mais baixos. A direção também acusa o governo de acabar com o plano de carreira da categoria.

"Para defender nossos direitos, não tivemos outra alternativa a não ser a greve", disse a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira. Segundo ela, a categoria tentou uma audiência com a governadora para negociar o projeto, mas não foi recebida.

Para a dirigente, a proposta acaba com alguns dos principais direitos adquiridos historicamente pela categoria. "Nós precisamos construir uma grande mobilização para evitar a aprovação do projeto, que consideramos uma afronta a nossas conquistas históricas", definiu.

O Cpers critica também a proposta do chamado "reajuste completivo" - que completa o valor do salário até o mínimo, ao invés de incidir sobre o básico da categoria - e a mudança no projeto de lei complementar que retira direitos como triênios e licença-prêmio.

Os professores também não aceitam a criação de um sistema de premiação por desempenho, que faz parte da proposta do governo. "A governadora quer colocar nos ombros do trabalhador as falhas no ensino causadas pela falta de investimentos públicos", disse.

Em novembro, o governo anunciou aumentos salariais para professores e policiais militares. O pacote, criticado pelas categorias de servidores do Estado, prevê R$ 38,5 milhões para o magistério no orçamento de 2010. Além do aumento salarial, o projeto institui o PDI (Plano de Desempenho Institucional) que prevê o pagamento de um prêmio para os servidores que tiverem bom desempenho.

Na noite de terça-feira (08), o Conselho Geral do Cpers já havia aprovado um indicativo de greve para ser defendido na assembleia geral marcada para esta tarde. A reunião que decidiu pela paralisação teve a presença de cerca de 5 mil professores.

A categoria reúne cerca de 90 mil funcionários no Rio Grande do Sul. Depois do encontro, os professores partiram em caminhada até o Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.

A greve inicia na última semana do ano letivo no Rio Grande do Sul que, em função da gripe suína, prolongou as aulas até 18 de dezembro. Na prática, os professores que entrarem em greve não devem informar as notas de seus alunos para o fechamento oficial das atividades de 2009. É a primeira vez que a categoria decreta uma greve em dezembro.

Em novembro do ano passado, a categoria realizou uma greve de 16 dias que não resultou em conquistas salariais. Os professores reivindicavam a adoção, pelo Estado, do piso salarial nacional de R$ 950. Além de não conseguirem o piso, o ponto dos servidores foi cortado pelo governo.

A partir das 8h30 da terça-feira, os professores em greve vão montar um acampamento em frente ao Palácio Pirataini e à Assembleia Legislativa para pressionar pela retirada dos projetos da pauta de votação.

A Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul preferiu não comentar a decretação da greve pelo magistério gaúcho.


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