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sábado, 10 de setembro de 2016

"Mozart Ramos: modelo educacional de Pernambuco deve servir para o País"

Fonte: Jornal do Comério (PE)
10 de setembro de 2016

Ex-secretário de Educação do Estado acredita que resultado obtido por Pernambuco no Ideb é demonstração do sucesso educacional

Atualmente diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart foi secretário estadual de Educação de Pernambuco de 2003 a 2006 / Foto: Cris Torres/Divulgação

Atualmente diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart foi secretário estadual de Educação de Pernambuco de 2003 a 2006

Foto: Cris Torres/Divulgação

Margarida Azevedo
O caminho seguido por Pernambuco, com a oferta de escolas em tempo integral para alunos do ensino médio, foi apontado pelo professor Mozart Neves Ramos como modelo a ser seguido pelo restante do País, caso o Brasil queira melhorar os indicadores nessa etapa da educação básica. Atualmente diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart foi secretário estadual de Educação de Pernambuco de 2003 a 2006, justamente na período em que as primeiras escolas com esse formato começaram a funcionar no Estado. 


Na divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), quinta-feira passada (08), o ministro da Educação, Mendonça Filho, também destacou a relevância da experiência de educação integral existente em Pernambuco. Desde 2011 o índice para o ensino médio está estagnado em 3,7. A meta estabelecida para 2015 era 4,3. O resultado foi classificado pelo ministro como “caótico”.

As redes estaduais de ensino de Pernambuco e de São Paulo obtiveram a maior nota, no ensino médio, no Ideb. Ambas alcançaram a média 3,9 ano passado. Considerando escolas públicas e privadas de ensino médio, o Estado ficou na segunda posição nacionalmente, com 4, desempenho igual ao do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. São Paulo ficou no topo, com 4,2. 

PREOCUPAÇÃO

Em entrevista ao repórter Wagner Gomes, da Rádio Jornal, na manhã deste sábado (10), Mozart comentou o desempenho brasileiro no Ideb. “A questão do ensino médio é preocupante porque está em jogo o futuro do País. Porque sem jovens bem formados não existe país sustentável. Particularmente hoje o Brasil tem gente jovem em número maior que pessoas idosas. Mas esse quadro demográfico tende a mudar de 2025 em diante. Significa que precisamos ter jovens bem formados para dar conta do crescimento e da sustentabilidade do País”, afirmou Mozart. Escute a entrevista completa:
O educador defende mudanças rápidas. “Não podemos esperar um milagre para o ensino médio no Brasil. É preciso tomar decisões, tornar a escola para o jovem mais atrativa, oferecer caminhos que sejam promissores. A boa notícia é que já temos esse caminho. Pernambuco mostrou que escolas em tempo integral com educação integral é um deles”, diz o ex-secretário estadual de Educação. 
Mozart aproveitou para dar um recado nesta época de campanhas eleitorais para prefeitos: “Educação tem que passar os tempos de governo. O ensino integral no Estado começou em 2004 na gestão de Jarbas Vasconcelos e Mendonça Filho, com o Ginásio Pernambucano. Houve uma belíssima continuidade no governo de Eduardo Campos, que ampliou o número de escolas. Assim também fez o atual governador Paulo Câmara, que não só continuou como deu novos insumos e criou um forte programa de gestão”, observou Mozart.

REFORMA CURRICULAR

Para o diretor do Instituto Ayrton Senna, a reforma curricular no ensino médio é urgente. “Não é só ter mais tempo na escola, mas adotar um tempo que seja articulado com o currículo, com os interesses dos jovens. Nenhum país do mundo tem 13 disciplinas no currículo como acontece aqui no Brasil. É urgente aprovar o projeto de lei que tramita no Congresso Nacional sobre essa reforma no ensino médio. O ministro Mendonça Filho disse que se não for aprovado neste semestre a mudança pode vir por medida provisória”, comentou Mozart.
“Não há tempo a perder. Estamos perdendo esse jogo desde as últimas avaliações do Ideb. O ensino médio não só está estagnado como vem caindo. Em matemática chegamos no fundo do poço. Precisamos formar bons engenheiros, bons físicos, bons professores. Sem aprender matemática dificilmente conseguiremos isso”, enfatizou o professor. De cada cem jovens que terminam o ensino médio, somente nove aprenderam o esperado em matemática, diz Mozart. E de cada cem docentes que lecionam a disciplina, 44 não tiveram a formação na área.
Segundo Mozart, o gasto com o abandono escolar no ensino médio é de R$ 3,7 bilhões. “Não adianta oferecer aquilo que não funciona, uma escola que não dialoga com o mundo juvenil. É jogar dinheiro no lixo”, pontua. “É preciso determinação política, vontade para mudança e principalmente planejamento a longo prazo. Pernambuco começou essa revolução 12 anos atrás e hoje percebe as mudanças. É o Estado com a menor distância entre escola pública e privada, no Ideb, no ensino médio”, enfatizou. 

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