04 de Julho de 2016
Pesquisas apontam que o rendimento seria melhor se as classes fossem mais tarde, mas mudança esbarra no ritmo das famílias
Isabela Palhares,
O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - Para muitos pais, os dias começam logo cedo com uma batalha: fazer os filhos levantarem no horário certo e ir para a escola. E essa luta diária já é alvo de vários estudos nacionais e internacionais que afirmam que as aulas no período matutino começam cedo demais, o que prejudica o sono das crianças e adolescentes e, em alguns casos, até o rendimento escolar dos estudantes.
Uma pesquisa da Universidade de Aveiro, em Portugal, concluiu que a tendência das escolas de definir os horários mais à tarde para as crianças do ensino infantil e fundamental 1 (do 1.º ao 5.º ano) e os mais cedo para pré-adolescentes e adolescentes dos ensino fundamental 2 (do 6.º ao 9.º ano) e médio está em “contradição com a fisiologia humana”. Segundo a pesquisa, durante a puberdade, a fisiologia dos adolescentes os impele a deitar e a acordar mais tarde. Por isso, recomenda-se que as aulas para essas etapas de ensino só deveriam começar após as 10h30 – nesse país, em geral, as aulas têm início às 9h30.

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No ano passado, um relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos, também afirmou que as aulas dessas duas etapas deveriam iniciar mais tarde. A recomendação é de que as atividades deveriam começar às 8h30, não às 8 horas, como na maioria das escolas de lá.
No Brasil, onde as aulas começam ainda mais cedo, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa e Orientação da Mente (IPOM) mostrou que os adolescentes de 14 a 18 anos estão dormindo mal e enfrentando distúrbios do sono. Segundo a pesquisa, dos 1.830 jovens ouvidos, 43% disseram dormir de 3 a 5 horas por noite e 94% afirmam sentir sonolência ou queda de rendimento durante o dia.
“Com a rotina que temos, principalmente nas grandes cidades, temos muitas opções de atividades e compromissos noturnos. Isso também passou para as crianças e os jovens, que vão dormir cada vez mais tarde e continuam acordando muito cedo para ir à escola. A falta de sono provoca irritabilidade, depressão e mudanças de comportamento”, observa a médica Dalva Poyares, do Instituto do Sono e professora da Unifesp.
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