23 de junho de 2016
Thiago Neves
Até o fim do semestre, alunos da Georgia Tech pouco desconfiaram do novo assistente
Todos os anos, quando ministra a disciplina de Conhecimento Base em Inteligência Artificial, o professor Ashok Goel, da Georgia Tech, conta com a ajuda de oito assistentes técnicos. Por se tratar de uma disciplina online e de alta demanda, Goel chega a receber 10 mil mensagens (dos 300 alunos) todos os semestres.
No primeiro semestre de 2016, porém, o professor percebeu que precisaria de mais um ajudante, que faria a mesma função dos demais. Para a tarefa foi designado Jill Watson, um robô desenvolvido pelo professor usando tecnologia da plataforma Watson, da IBM.
A justificativa de Goel para inserir Jill na equipe foi a baixa taxa de retenção de alunos em cursos online. Por não receberem respostas e assistência em tempo hábil, alguns estudantes optavam por abandonar a matéria. Com Jill, o professor esperava promover um possibilidade de resposta mais rápida e eficiente.
O processo de desenvolvimento de Jill começou em 2015, quando Goel e a sua equipe da Georgia Tech acessaram os fórum de discussão da disciplina, a fim de realizar um levantamento das perguntas mais recorrentes entre os alunos. Depois disso, alimentaram os algoritmos de Jill com as perguntas e respostas adequadas.
Em entrevista ao site de notícias da Georgia Tech, Goel explicou que “um dos segredos de aulas online é que a quantidade de perguntas aumenta com o número de alunos, mas elas não variam muito. Os alunos tendem a fazer as mesmas perguntas.”
O trabalho, portanto, seria perfeito para Jill. A ele foi ensinado como responder as perguntar reincidentes em semestres anteriores, como, por exemplo, prazos de entrega, e onde os alunos podem encontrar leituras indicadas.
Jill foi desenvolvido por Ashok Goel usando tecnologia da plataforma Watson, da IBM
Em janeiro de 2016, quando começou o trabalho, o robô não se saiu tão bem, dando respostas incomuns - e irrelevantes - aos alunos. Por isso mesmo, as colocações de Jill eram postadas primariamente em um fórum inacessível aos estudantes.
Após correções em seus códigos, Jill passou a ser preciso, alcançando um nível de 97% de acertos. Quando chegou a tal patamar, os outros assistentes começaram a republicar as respostas do robô diretamente para os alunos. Ao final de março, Jill era independente.
O curso de Goel trata justamente de inteligência artificial, no entanto, os alunos não foram avisados de imediato. Apenas ao final de abril a identidade de Jill foi revelada, sendo criado um fórum de alunos para debater o processo de desenvolvimentos dos algoritmos do robô. Outro grupo de estudantes foi além, e se propôs a replicar a experiência de Jill.
Ao final do semestre, Jill era capaz de responder boa parte das perguntas diárias. Segundo Goel, no próximo semestre haverá um novo robô, com um novo nome. Para o final desse ano, o professor explicou que o objetivo é que o assistente virtual consiga responder 40% das perguntas.
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