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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Aula sobre o Brasil quebrado para a criançada

21 de Setembro de 2015

Fonte: Uol Educação

Repercute, pelo país, o assunto do déficit público brasileiro. O governo, incluindo os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, gasta muito, mas muito mais do que arrecada. Fala-se em corte de gastos. Questionam-se os custos excessivos com programas sociais. Discutem-se, também, novas fontes de receita. Mais tributos. Vem por aí um "pacote" de medidas saneadoras.
Se um objetivo da educação é o preparo para o exercício da cidadania, eis um problema que, definitivamente, não pode deixar de ser discutido em sala de aula. Mesmo que não caia no vestibular. É a aprendizagem baseada em problemas, desenvolvendo, a partir do exercício dialógico da busca de sua solução, a capacidade de pensar, criticamente.
Envolve, sem dúvida, perguntas importantes a serem discutidas na escola. Estamos gastando bem nosso dinheiro? Por que a conta está tão cara? Como pagá-la? Quem deve pagá-la? As crianças já devem entender o que está acontecendo, de acordo com sua maturidade intelectual. Podem, então, adiante, contribuir com melhores perspectivas.
O caso é transdisciplinar. Permite discutir história, sociologia, filosofia, direito, economia, matemática, ética, para além das disciplinas escolares e das grades curriculares. Permite discutir a desigualdade social no Brasil, o papel, a estrutura e o tamanho do Estado. A corrupção e seus efeitos. Nossas contradições e cegueiras. Permite falar de democracia, no seu sentido mais amplo. Trago material para o estudo.
A reflexão sobre os atingidos por cortes em gastos com políticas públicas e programas sociais, pode considerar, por exemplo, que, hoje, no Brasil, cerca de metade da população vive com o valor mensal de um salário mínimo. Tem muita gente queGANHA um pouco mais. E muita gente que sobrevive com menos que isso. O salário mínimo, de acordo com a Constituição, deveria ser capaz de atender às necessidades vitais da pessoa e de sua família, com moradia, alimentação, saúde, lazer, transporte, vestuário e higiene. Hoje, porém, está fixado em, apenas, R$ 788,00.
Fica difícil. Por isso, esse é o principal público de programas sociais. De políticas públicas, hoje tão precárias, para assegurar direito a moradia, saúde, educação, etc.
Por falar em educação, os professores de São Paulo que permaneceram 90 dias em greve por melhores salários, recebem, em média, R$ 2.725,00. O governador do Estado, que rechaçou o aumento, ganha R$ 21, 6 mil reais. Nenhum Ministro do Superior Tribunal de Justiça, órgão que autorizou a suspensão do pagamento dos grevistas, durante a paralisação, recebeu menos de R$ 40 mil em junho/2015.
Bom. Aqui, abre-se outra frente para discussão das despesas públicas. O gasto com pessoal. Pensemos no Congresso Nacional. O subsídio mensal de cada um dos parlamentares é de 33.763,00. Recebem, também, "ajuda de custo", nesse mesmo valor, uma no início e outra no final do mandato, destinada – "tadinhos" deles – a compensar despesas com mudança e transporte.
Na Câmara, são 513 Deputados. Eles contam, também, com "verba de gabinete" que aumentou bastante em abril, por decisão de seu Presidente, o Deputado Eduardo Cunha. O valor mensal é de R$ 92.053,20. Há, ainda, a "cota para o exercício da atividade parlamentar", entre 27,9 mil e 41,6 mil, conforme o Estado de origem do Deputado. Tem, também, gastos com auxílio-moradia; "adicional" mensal de R$ 1.244,54 para líder de partido, de bloco parlamentar, de minoria, de governo e de comissão permanente. O custo anual, para manter a Câmara dos Deputados, está em torno de 1 bilhão de reais.
A questão da atuação de nossos governantes, o quanto custam para o país, pode ser bastante frutífera para solução do problema colocado. Claro, podemos incentivar os alunos a refletir sobre outros gastos eINVESTIMENTOS públicos. Contrapondo, tudo isso, com a realidade nacional.
O debate, por fim, não pode deixar de aprofundar a patuscada irresponsável e antirrepublicana da corrupção: o Brasil asqueroso, de petralhas e coxinhas, que não está no texto da lei, que não está previsto no orçamento, mas que, não por isso, deixa de pesar muito. Só com roubalheira na Petrobras, a perda está em torno de R$ 6 bilhões. Nos contratos de trem e metrô, em São Paulo, o rombo é de mais de 800 milhões.
Acho que dá uma aula muito boa.

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