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terça-feira, 30 de junho de 2015

Usuários brasileiros de MOOCs se multiplicam


30 de Junho de 2015

Somente na plataforma Coursera, 550 mil brasileiros se inscrevem para os Cursos Online Abertos e Massivos


Fonte: Zero Hora

Sucesso pelo mundo afora por proporcionar a qualquer pessoa interessada o acesso ao ensino de universidades mundialmente famosas sem que ela pague um centavo e no conforto de casa, os Cursos Online Abertos e Massivos (MOOCs, na sigla em inglês) avançam agora no Brasil. Os números mostram que, das 13 milhões de contas existentes no site Coursera, 550 mil são do Brasil, o que coloca o país na quarta posição geral, atrás dos Estados Unidos, da China e da Índia.
Mesmo em plataformas que não oferecem conteúdo em português, como a edX e o Udacity, o Brasil se destaca pela quantidade de usuários. São cerca de 140 mil brasileiros na edX e 120 mil no Udacity.
Os MOOCs se tornaram sensação em 2012. Foi nesse ano que Sebastian Thrun, professor de Stanford, criou o Udacity, oferecendo cursos na área de tecnologia em parceria com empresas como Google e Facebook. Na mesma época, os também professores de Stanford Daphne Koller e Andrew Ng criaram o Coursera, que viria a ser o maior portal de MOOCs em quantidade de usuários, apostando na variedade de temas e de universidades parceiras. Em seguida, foi a vez de o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) se unir a Harvard para lançar o edX. Desde então, as opções se multiplicaram.
Os MOOCs são uma opção para quem busca se aperfeiçoar em conhecimentos de áreas específicas para desenvolvimento profissional ou apenas por interesse pessoal no assunto.
A presença verde-amarela já atraiu a atenção das principais plataformas de ensino online. Desde maio, o Coursera oferece três cursos ministrados por instituições brasileiras: História da Contabilidade, pela USP, Processamento Digital de Sinais, pela Unicamp, e Gestão para a Aprendizagem, pela Fundação Lemann. Outros seis cursos em parceria com USP e Unicamp já foram anunciados na plataforma.
Nem tudo é de graça
Novos formatos e funcionalidades surgem a todo instante, muitas vezes como uma tentativa de monetizar o serviço dos MOOCs. Apesar do forte marketing baseado na gratuidade dos cursos, os sites costumam ter opções pagas, como certificados, orientação de trabalhos e interação com professores por meio das plataformas. Em muitos pontos, o modelo acaba se aproximando do ensino tradicional.
— Ainda não temos cursos de graduação completos, mas recentemente passamos a oferecer crédito para a faculdade em alguns MOOCs — conta Nancy Moss, diretora de comunicação da edX.
Desenvolvido em parceria com a Universidade do Estado do Arizona, nos EUA, o serviço não sai de graça — apesar de sair mais em conta do que cursar esses créditos nas caras universidades norte-americanas.
Outras plataformas vão pelo mesmo caminho. O Coursera anunciou recentemente um MBA em parceria com a Universidade de Illinois. O Udacity tem um programa de mestrado profissional oferecido junto ao Instituto de Tecnologia da Georgia (Georgia Tech). No Brasil, o Veduca oferece duas opções de MBA, além de programas de extensão. Na maioria das vezes, o conteúdo dos cursos pode ser acessado livremente, mas pagar por uma certificação abre ao aluno a possibilidade de comprovar o conhecimento no currículo ou no histórico escolar.
Preocupação com o mercado
O valor dos MOOCs no mercado de trabalho não é uma preocupação apenas dos usuários. Pensando em melhorar a aceitação por parte dos empregadores, a Udacity criou o conceito de nanodegrees, uma espécie de especialização na área de tecnologia ao custo de US$ 200. A empresa aposta em parcerias com gigantes como Google, Facebook e Amazon para fazer sua invenção ser reconhecida pelo mercado.
— Os nanodegrees ensinam o necessário para um primeiro emprego na área escolhida — acredita Stuart Frye, vice-presidente de desenvolvimento de conteúdo na Udacity.
Stéphanie Durand, gerente de desenvolvimento do Coursera, cita uma pesquisa realizada com executivos de 400 empresas norte-americanas, em que 90% dos entrevistados disseram valorizar credenciais de MOOCs. Marcelo Mejlachowicz, diretor-executivo e um dos fundadores do Veduca, enxerga um cenário diferente daquele encontrado em 2012, quando a onda surgiu.
— Hoje o mercado está mais maduro e consciente de que é possível estudar online com qualidade — afirma Marcelo.
Vitrine para universidades
Disponibilizar de graça um conteúdo pelo qual muitos alunos pagam caro pode, paradoxalmente, representar um bom negócio para as instituições de ensino que embarcam na onda dos MOOCs.
Enquanto universidades renomadas, como Harvard e Stanford, fortalecem ainda mais suas marcas, outras instituições, menos famosas, tornam-se mais conhecidas a partir de seus cursos e veem crescer o número de postulantes aos seus cursos de nível superior.
Stéphanie Durand, do Coursera, cita o caso da Wesleyan, universidade de porte pequeno localizada em Connecticut, nos EUA, que passou a receber aplicações de diversas partes do mundo devido ao sucesso de seus MOOCs. Situações parecidas são vividas em outros países
— Universidades da Europa e da Ásia passam por um processo parecido — conta Stéphanie.
Flavia Lemos Pereira, diretora de sistemas de remuneração da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Rio Grande do Sul (ABRH-RS), acredita que os MOOCs são um meio moderno para as universidades conquistarem mais alunos ao redor do mundo, em um contexto de globalização.
— É uma forma de chamar a atenção de estudantes com condições econômicas e domínio do inglês, que poderiam investir em uma formação presencial no país de origem da universidade — explica Flávia.
Quais os cursos mais procurados
— Cursos ligados à tecnologia e a linguagens de programação estão entre os que fazem mais sucesso, bem como aqueles voltados a negócios e a empreendedorismo.
— Mas a variedade é grande e inclui temas como cálculo, design, finanças, nutrição e engenharia mecânica, por exemplo.
— A maioria dos cursos dura de três a 15 semanas, mas, em alguns casos, não há nem mesmo duração específica, e o aluno pode estudar no seu ritmo. Normalmente, não são cobrados pré-requisitos para participar, apenas o conhecimento compatível com o tema e o nível de cada curso.
— Os recursos utilizados variam conforme a plataforma e o tipo de curso escolhido. Normalmente, incluem videoaulas, material para leitura, fóruns e provas online, entre outros conteúdos interativos.
— Responsável pelo desenvolvimento do Coursera na América Latina e na Europa, Stéphanie Durand acredita que facilitar o acesso é essencial para o sucesso do modelo.
— Segundo ela, um terço dos alunos do Coursera acessa o serviço pelo celular. Está nos planos uma versão mobile em português.

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