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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Alunos perguntam, secretário responde


22 de Abril de 2015

Principal estratégia do governo do Espírito para melhorar Ensino Médio, programa Escola Viva prevê ensino em tempo integral e currículo diferenciado em 30 escolas da rede estadual

Fonte: A Gazeta (ES)

Principal estratégia do governo do Estado para melhorar o ensino médio no Espírito Santo, o programa Escola Viva, que prevê ensino em tempo integral e currículo diferenciado em pelo menos 30 escolas de ensino médio da rede estadual até 2018 ainda gera dúvida em estudantes e professores. Para esclarecer alguns desses questionamentos A GAZETA levou perguntas de alunos e professores para o secretário de Estado da Educação, Haroldo Corrêa Rocha.
Pedro Henrique Santana, 16 anos, aluno da Escola Irmã Maria Horta, na Praia do Canto, em Vitória, tem dúvidas sobre o programa, mas acredita que possa ser bom. “Só acho que deveria ser implantado no ano que vem”.
O programa foi alvo de protestos estudantis e questionamentos de professores e deputados. Uma lei que institui o Escola Viva ainda segue em tramitação na Assembleia Legislativa. A ideia inicial do governo é implantar o programa em cinco escolas, já em 2015. O secretário de Estado da Educação, Haroldo Corrêa Rocha, acredita que o debate e o interesse que tem sido criado em torno do programa é saudável e importante.
“O importante é que a gente tenha Escola Viva funcionando. Quando estiver funcionando, vai responder a maioria das dúvidas”.
Na sexta-feira, o governo do Estado lançou um site para tirar as dúvidas dos estudantes sobre o assunto: o www.escolaviva.es.gov.br. Para receber o novo modelo de escola, a Sedu analisa 28 prédios públicos, além de outros 21 da rede privada que estão sem uso e poderiam ser alugados.
O uso dos prédios particulares adaptados evitaria uma das queixas dos estudantes que é a transferência dos que não querem ou não podem cursar em tempo integral. A proposta é que os alunos tenham um novo currículo, com nove horas de duração, sendo pelo menos sete horas e meia de aulas, com duas horas de intervalo. E as disciplinas tradicionais serão ensinadas de maneira mais atrativa, em salas e laboratórios específicos.
Na Escola Viva, todos os alunos terão que desenvolver um projeto de vida, que será constantemente revisado e aperfeiçoado com a ajuda dos professores. Outro pilar do Escola Viva é o protagonismo juvenil, onde o estudantes também poderão propor atividades extracurriculares. Já os professores, serão todos servidores públicos efetivos, com carga horária de 40 horas e remuneração proporcional a esse tempo de trabalho.
A metodologia para a implantação do projeto e qualificação dos professores será fornecida pelo Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE) que já participou da implantação em outros estados brasileiros.
“Não se trata de um pacote ou modelo fechado. É um fornecimento de metodologia que não terá custos para o Estado. Todos os custos do ICE serão bancados pelo Espírito Santo em Ação, através de empresas parceiras”, explica Aridelmo Teixeira, vice-presidente institucional do ES em Ação.
Ele, que já conheceu várias escolas que implantaram o projeto Brasil afora, e pesquisa sobre essas experiências desde 2008, acredita que o Escola Viva terá sucesso no Estado. “É um projeto que tem tudo a ver com educação pública de qualidade”, diz.
Fala, aluno
Qual a diferença entre uma escola normal e uma Escola Viva. O que há de novo, além da carga horária?
AMANDA SANTOS, 16
A primeira é que é outro currículo: um conjunto de ações que os professores têm que fazer para ampliar a oportunidade de aprendizagem dos alunos. Porque o currículo é diferente é que precisa de ser tempo integral, nessa ordem. Segundo ponto é que na Escola Viva o professor será dedicação exclusiva. Com isso vai ter plenas condições de conhecer seus alunos e se dedicar a eles. Além disso, a Escola Viva só vai ser implantada em prédios com instalações completas como salas temáticas e laboratórios.
Professores que trabalham em outras redes de ensino não vão poder participar desse projeto?
MARIAH SILVESTRE, 15
Hoje o professor pode ter duas cadeiras públicas e há os que têm até três - uma delas privada. Esse tipo de situação acaba atrapalhando a vida do professor e a qualidade do ensino, porque o professor dá aula em várias escolas e acaba não conhecendo o aluno adequadamente. A Escola Viva inova nisso também. O professor que quiser permanecer na situação que está hoje vai permanecer, ninguém vai ser obrigado. Com a dedicação exclusiva, melhora a qualidade de vida do professor e a dedicação a seus alunos.
Como vai ser a preparação dos professores para uma carga horária muito maior e com conteúdo mais avançado?
FERNANDA BLEIDÃO, 16
O professor para estar na Escola Viva precisa querer. Vai passar por um processo de seleção, não para saber se ele sabe a matéria que vai dar aula, mas para avaliar competências socioemocionais, se ele está pronto para enfrentar um novo tipo de escola. O professor vai ser capacitado pelo Instituto de Corresponsabilidade Pela Educação (ICE) e pelos pedagogos da Sedu. Vai passar a fazer parte de uma equipe que vai se autocapacitar todas as semanas.
Se a ideia do projeto é pegar o exemplo dos países do exterior que já fazem esse programa, como vão fazer para aumentar o INVESTIMENTO e bancar todos os custos?
ALICIA MARTINS, 16
A Escola Viva custa mais do que a tradicional, mas o fato de os professores serem dedicação exclusiva racionaliza os custos. Além disso, a cada ano o número de alunos é menor porque as famílias estão menores. Temos agora a possibilidade de fazer a escola em tempo integral, mas com o tempo isso vai ficando viável. Não estamos copiando modelo estrangeiro. O fato é que os países com alto nível de aprendizagem não funcionam com escola de meio expediente.
Minha dúvida é sobre a estrutura. Como vão juntar os dois turnos, então, como vão ficar as salas? Vão juntar mais gente? Vão fazer mais salas?
JANINI PAGANINI, 16
A Escola Viva não vai juntar os alunos dos dois turnos. Ela vai atender aos alunos que hoje estudam em um turno e que passarão a estudar o dia todo, de acordo com a capacidade da escola. O restante dos alunos vai para outra escola, seja uma Escola Viva, seja uma tradicional. Não haverá junção de dois turnos. A sala de aula continua do mesmo tamanho. Só vão ser salas de aula temáticas, equipadas com o material de cada disciplina, onde os alunos se deslocam para ter as aulas.
As escolas não contempladas com o projeto ficariam excluídas dos INVESTIMENTOS?
STEPHANE PEREIRA, 15
Claro que não. Queremos melhorar o ensino médio todo. Já a partir deste ano as escolas que não estarão no Escola Viva vão estar num outro projeto chamado Jovem de Futuro. É um trabalho que vamos fazer com apoio do Instituto Unibanco para o planejamento da escola e para a melhoria da gestão da escola para que os professores possam aprimorar as estratégias de ensino e os alunos aprenderem mais, mesmo no tempo menor. Também não ficarão excluídas de melhorias em seus prédios e quadras poliesportivas.
Que tipo de atividades extracurriculares o Estado pretende oferecer nas Escolas Vivas?
BRENO FAZIO, 17
A Escola Viva trabalha com um conceito que não está presente na maioria das escolas que temos hoje que é o de protagonismo juvenil. O jovem será na escola alguém que pode propor atividades, formar clubes juvenis. No clube juvenil as possibilidades serão infinitas com o apoio para o jovem desenvolver as mais diversas atividades, como teatro, música e organização de grêmio estudantil. Os alunos terão possibilidades diversificadas de se organizar e ter atividades que ajudem na formação como cidadão e ser humano.
Haverá reestruturação pedagógica e estrutural nas escolas que vão receber o Escola Viva?
GUILHERME GOLDNER, 16
Só vão ser implantadas Escolas Vivas em prédios que sejam completos. Prédios modernos, recém construídos ou recém reformados. Não há risco de ter o Escola Viva em um prédio que não tenha instalações completas. O currículo da Escola Viva é outro, tratando das disciplinas convencionais de forma mais atrativa e com várias outras disciplinas que hoje não há. É um novo currículo e precisa de um prédio com instalações completas para possibilitar a aprendizagem que a gente quer e dar ao jovem uma nova oportunidade em relação à escola em que ele frequenta.
Como vai ficar a situação dos alunos que precisam fazer estágio para ajudar em casa? O governo vai dar algum auxílio a essas famílias?
BÁRBARA ROVETTA, 16
Em média, 20% dos alunos do ensino médio fazem estágio ou trabalham. 80% só estudam. Para esses, optar pela Escola Viva é mais fácil. O aluno que trabalha tem que refletir com a sua família. O que é melhor para a vida do jovem: estar trabalhando agora ou se dedicar para tentar uma renda maior no futuro. Para cada ano de estudo, a pessoa tem 10% a mais de renda. Pelo fato de que 80% dos alunos só estudam, a Escola Viva pode nascer. O aluno só vai para o Escola Viva por escolha pessoal.
Os alunos que completarem o ensino médio em uma escola não participante do projeto não correrão o risco de serem discriminados no mercado? O Estado não corre o risco de aprofundar a desigualdade entre as escolas?
FELIPE PAES
Não. Os alunos da escola pública hoje estão em desvantagem em relação aos da escola privada e aos do Ifes. A Escola Viva não diminui ninguém, mas cria oportunidade do aluno da escola pública ser competitivo. Nossa expectativa é que o programa vá se expandido. O objetivo é termos 30 escolas vivas até o final deste governo.
Os professores que estão na escola em que vai ser implantado o projeto e têm cadeira de 25 horas, como vão ser inseridos? Se ele tiver vínculo com outra instituição e não quiser abrir mão, qual a posição do Estado diante do professor?
MARIA INÊS SPERANDIO
Se o professor quiser manter os dois vínculos ele vai trabalhar em outras escolas. Se ele vier para a Escola Viva, ele vai vir com 25 horas e vai receber 40. O professor não vai ser obrigado. Ele vai ter oportunidade de se manifestar querendo ir ou não, e vai passar no processo seletivo. O professor sempre escolhe a situação em que ele quer estar.
Como vai ficar a situação dos professores DTs que atuam nas escolas que podem se tornar Escolas Vivas?
CLEISON GOMES
O professor DT é contratado para uma matéria determinada numa escola x. A Escola Viva terá só profissionais efetivos porque tem que ter uma equipe permanente. A situação do DT não muda. Para a Escola Viva quem vai é o professor efetivo. O DT vai continuar sendo contratado para todas as escolas que tiverem necessidade de acordo com a especialidade de cada um. A Escola Viva não diminui a quantidade de DTs na rede.

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