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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Entenda o que é o ensino híbrido e como colocá-lo em prática

27 de novembro de 2014
Método busca a personalização do ensino ao alternar momentos em que o aluno estuda sozinho, em ambientes virtuais, e em grupo; confira dicas para usar tecnologia no ensino

Fonte: Revista Educação

O que é: também chamado de blended learning, o método alterna momentos em que o aluno estuda sozinho - em geral em ambiente virtual - e em grupo, quando interage com seus colegas e o professor. "O cerne é a personalização do ensino. Buscamos diferentes ferramentas - não somente as tecnológicas - para suprir as necessidades do aluno contemporâneo", explica Adolfo Tanzi Neto, consultor pedagógico e de pesquisas da Fundação Lemann.
Como fazer: há diversas maneiras de adotar o ensino híbrido. Um recurso que vem sendo bastante usado é a rotação. O professor divide a sala de aula em várias estações com atividades diferentes, mas que se complementam. Pelo menos uma delas propõe o uso de plataforma digital. O aluno deve passar por todas as estações ao longo da aprendizagem de determinado conteúdo. "Ele deve ser protagonista e buscar o conhecimento segundo seus próprios interesses", explica Ailton Luiz Camargo, professor de história do Colégio Objetivo Sorocaba e da rede municipal de Iperó (SP). Nesse sentido, o professor também deve assumir um novo papel. "Ele deixa de ser a primeira fonte de informação e conhecimento e passa a ser o mentor que guia a aprendizagem dos alunos", diz Mario Junior Mangabeira, coordenador da gerência de formação do projeto Educopédia.
Dificuldades: para quem co­meça a trabalhar com o ensino híbrido, há dois grandes desafios: a falta de ferramentas tecnológicas educacionais adaptativas em português - a maior parte está disponível apenas em inglês - e a limitação de escolas conectadas à internet. De acordo com o Censo Escolar, apenas 50% delas têm acesso à internet. Para Adolfo, no entanto, esse não deve ser um impedimento, já que o ensino híbrido vai muito além da tecnologia. "Podemos começar a mudar os espaços dentro da sala de aula, o papel do professor e incentivar a autonomia para uma aprendizagem mais personalizada do aluno, sem tecnologias digitais." Mario lembra também que o sucesso da aplicação do ensino híbrido envolve a mudança nos currículos e referenciais, na organização do tempo e do espaço escolar e nos equipamentos disponíveis na sala de aula.
Na prática: o Colégio Dante Alighieri, em São Paulo (SP), é uma das escolas participantes do projeto Ensino Híbrido, realizado pela Fundação Lemann. O Dante utiliza o aplicativo Mindjet, cuja proposta dos professores em utilizá-lo para incentivar os alunos a trabalhar, dentro e fora de sala de aula, com mapas mentais resultou na obtenção do título Apple Distinguished Education (ADE). O pensamento é organizado a partir de palavras-chave e recursos como imagens e vídeos. A base do projeto é o conceito de sala de aula invertida (que integra o conceito de ensino híbrido), em que o aluno é estimulado a ter um conhecimento prévio do assunto antes da explicação do professor. O resultado do projeto da Fundação Lemann deve ser divulgado em 2015 em uma plataforma gratuita onde será possível acessar dicas práticas e fundamentações teóricas.

Dez dimensões para o uso pedagógico das TICs
Como as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) podem ser usadas de forma pedagógica? Priscila Gonsales, diretora executiva do Instituto Educadigital, mostra dez dimensões para o uso pedagógico das TICs.
1 Mudança estrutural no tempo e espaço: flexibilidade no horário das aulas, na utilização dos espaços disponíveis na escola e na composição etária das turmas;
2 Estimula a interdisciplinaridade e a integração entre os docentes: favorece a autonomia e a criatividade para a criação e realização de projetos em conjunto;
3 Baseia-se na metodologia de projetos: valoriza não apenas o conteúdo apreendido, mas também o processo educativo vivenciado pelos estudantes;
4 Favorece o desenvolvimento de práticas individuais e/ou coletivas que permitam consolidar a aprendizagem, com ênfase no trabalho diversificado com perfis diferentes de alunos;
5 Promove aulas mais participativas e menos expositivas: aproximando alunos e professores, horizontalizando as relações;
6 Utiliza recurso, ferramentas e demais dispositivos digitais de comunicação: os alunos visivelmente são protagonistas de sua própria aprendizagem;
7 Introduz conceitos da cultura digital: pesquisa e seleção de informações, compartilhamento, colaboração, circulação de conhecimento, uso de licenças livres, uso responsável da internet, multiculturalidade;
8 Desenvolve e/ou utiliza espaços e ambientes interativos em redes (sites, comunidades, blogs) no processo pedagógico: amplia o alcance de comunicação e estimula a autoria de educadores e educandos;
9 Valoriza a intervenção social dos estudantes em benefício de sua comunidade, cidade, estado ou país: possibilita o exercício da cidadania e do empreendedorismo;
10 Cria situações reais e concretas que possam despertar o interesse e a motivação dos alunos para aprender cada vez mais: aprendizado significativo.
 

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