26 de novembro de 2014
Dados do Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM) mostram que o Ensino Fundamental está quase universalizado e cinco regiões têm avaliação excelente
Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)
Apesar das conhecidas dificuldades da Educação brasileira, a melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDHM) das zonas metropolitanas se deve principalmente aos avanços educacionais do País.
O atlas divulgado ontem por Pnud e Ipea mostra que esses foram os quesitos onde houve maior crescimento e maior redução da desigualdade entre regiões e mesmo dentro de uma zona metropolitana. Em 2000, o IDHM de Educação estava ainda no nível baixo – menor do que 0,599 – em todas as regiões. O mais alto, de São Paulo, chegava a apenas 0,592. Apesar de ruim, ainda era 43% superior ao de Manaus, a pior colocada, que tinha um IDHM educacional de apenas 0,414 (muito baixo).
Hoje, a capital do Amazonas, mesmo continuando na pior colocação entre as 16 zonas metropolitanas estudadas, tem um índice melhor do que o de São Paulo em 2000, 0,636. O mapa atual mostra que cinco regiões metropolitanas já têm um IDHM educacional alto, acima de 0,700. Além de São Paulo, que está em segundo lugar, estão nessa situação São Luís, a campeã, o Distrito Federal, Curitiba e Cuiabá. As 11 demais estão com desenvolvimento médio, acima de 0,600. Manaus é a pior delas, com Porto Alegre, Belém, Natal e Salvador vindo em seguida. “O avanço na Educação é significativo e nos permite antecipar ainda mais melhoras futuras”, afirmou o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri.
Para o pesquisador do Ipea Marco Aurélio Costa, a área da Educação apresentou o avanço mais expressivo. “Principalmente no atraso Escolar. É uma informação importante, que dialoga mais diretamente com as políticas públicas e com o esforço dos governos em colocar crianças nas Escolas na idade correta”, disse. Como se calcula.
O IDHM de Educação é formado pelo porcentual de pessoas acima de 18 anos com pelo menos o fundamental completo,o chamado estoque educacional, e pela frequência Escolar, sem atraso, de crianças e jovens – calculado nas faixas etárias de 5 e 6 anos frequentando a Escola, 11 a 13 anos frequentando os anos finais do Ensino fundamental, 15 a 17 anos frequentando o Ensino médio e acima de 18 anos com Ensino médio completo.
Apesar da qualidade ainda sofrível da Educação brasileira, os índices de frequência Escolar são os que mais aumentaram em todo o País. Hoje, o Ensino fundamental está praticamente universalizado, acima dos 97% das crianças de 7 a 14 anos matriculadas na Escola.No Ensino médio, chegou em 2012 a 54% dos jovens de 15 a 17 anos.
1ª colocação de São Luís surpreende até os pesquisadores
A maior surpresa do Atlas do Desenvolvimento das Regiões Metropolitanas foi a capital maranhense, São Luís, com o melhor resultado no índice de Educação.
1ª colocação de São Luís surpreende até os pesquisadores
A maior surpresa do Atlas do Desenvolvimento das Regiões Metropolitanas foi a capital maranhense, São Luís, com o melhor resultado no índice de Educação.
O IDHM de 0,737 superou Distrito Federal, São Paulo e Curitiba e surpreendeu até mesmo os técnicos do Ipea e do Pnud. Com o Maranhão registrando alguns dos piores resultados em avaliações educacionais no País, o IDHM da zona metropolitana não parece fazer sentido.
Mas os pesquisadores garantem que não há enganos. “Precisaríamos abrir os microdados para interpretar melhor esses resultados, mas, à primeira vista, uma das explicações pode ser o fato de São Luís ser uma ilha de renda mais alta e de excelência em um Estado que, todos sabemos, é bastante pobre”, afirma o pesquisador do Ipea Marco Aurélio Costa.
Uma das possíveis explicações para esses resultados seria o fato de a zona metropolitana da capital maranhense ser uma das menores do País, formada por São Luís e apenas outros quatro municípios.
Outra possibilidade levantada pelo Ipea é de que a capital maranhense atrairia, também, pessoas do restante do Estado que se mudam para a capital apenas para estudar, melhorando a relação de pessoas formadas e Alunos com frequência regular e correta na Escola. Essas, no entanto, são só hipóteses.
Praia de Icaraí, em Niterói, supera Leblon e Ipanema
Região mais nobre de Niterói, a Praia de Icaraí é a campeã no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) da Região Metropolitana do Rio – com 0,962 (quanto mais perto de 1, mais desenvolvido), supera Leblon e Ipanema, bairros mais caros da orla carioca.
Região mais nobre de Niterói, a Praia de Icaraí é a campeã no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) da Região Metropolitana do Rio – com 0,962 (quanto mais perto de 1, mais desenvolvido), supera Leblon e Ipanema, bairros mais caros da orla carioca.
Já a cidade de Itaboraí, distante 30 km de Niterói, tem as localidades com os piores IDHMs do Estado: 0,596. Japeri e Queimados, cidades na Baixada Fluminense, também estão na parte mais baixa do ranking. Acompanhando a tendência nacional, os índices fluminenses melhoraram de 2000 para 2010,segundo a comparação feita pelo Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras. O IDHM geral pulou de 0,686 para 0,771.
O salto mais significativo foi com relação à Educação: passou de 0,548 para 0,686. Em 2000,as localidades na categoria de desenvolvimento muito alto representavam 9% do total; em 2010, eram 26%; as com alto desenvolvimento passaram de 22% para 37%.
Resultado.No caso de Icaraí, o bom resultado se explica por uma combinação de fatores: a concentração de aposentados com alto soldo, a baixa taxa de fertilidade, o que faz aumentar o cálculo da renda per capita, ea ausência de favelas. A análise é do Professor da Universidade Federal do Rio (UFRJ) Mauro Osorio,doutor em planejamento urbano e regional.
Os 21 municípios da região metropolitana do Rio se separam em dois grupos, Osorio explica: as áreas mais nobres do Rio (zona sul, grande Tijuca e Barra da Tijuca), acrescidas de Niterói, de um lado, e o resto da capital e as outras 19 cidades, de outro.
CEP
“Na Baixada existem municípios em que as ruas não têm nem CEP. As cidades já nasceram precárias” Mauro Osorio Professor DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO (UFRJ)
“Na Baixada existem municípios em que as ruas não têm nem CEP. As cidades já nasceram precárias” Mauro Osorio Professor DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO (UFRJ)
Região perto de escola é pior do que Iraque
M oradora do Jardim Horizonte Azul,região periférica no extremo sul da capital paulista, a doméstica Ana Silva, de 50 anos, lê pouco e escreve pouco. Natural do interior do Ceará,teve de dividir o tempo da Escola com a roça,onde plantava milho e feijão. Cursou só até a 2.ª série.
M oradora do Jardim Horizonte Azul,região periférica no extremo sul da capital paulista, a doméstica Ana Silva, de 50 anos, lê pouco e escreve pouco. Natural do interior do Ceará,teve de dividir o tempo da Escola com a roça,onde plantava milho e feijão. Cursou só até a 2.ª série.
Os problemas que dona Ana enfrenta com a Educação são outros. Vizinha da Escola Estadual Professora Amélia Kerr Nogueira, na Avenida dos Funcionários, ela reclama da insegurança e de transtornos na região. “A partir das 19 horas, a rua fica tomada de jovens. Eles fumam e se drogam aqui na esquina. Ninguém faz nada”, comenta.
Os assaltos frequentes também fazem com que ela perca o sono. “E temos de ficar calados.” A área da Escola Estadual Professora Amélia Kerr Nogueira tem o pior IDHM de São Paulo, com 0,625, inferior até ao IDH do Iraque(0,642).Entre os indicadores usados no cálculo, o que teve maior impacto foi justamente a Escolaridade, cuja importância subiu de 27%, em 2000, para 30% em 2010.
Dos problemas apontados pelos moradores, a insegurança é recorrente. “Qualquer um entra lá, nem se respeita Professor”, diz a mãe de um ex-Aluno. “Os Professores não ensinam nada”, afirma a estudante Fernanda Oliveira, de 20 anos. A última troca na diretoria foi há um mês. Em nota,a Secretaria Estadual da Educação informou que as ações pedagógicas da unidade estão sendo acompanhadas por uma equipe de supervisores.
Outro extremo. Já o estudante de Design de Games Lucas Mirkai, de 20 anos, faz planos de morar fora do País. Ele estuda na Faculdade Anhembi-Morumbi,na região que tem IDHMde 0,965 – superior ao da Noruega (0,944).“Minha ideia é ir trabalhar no Canadá”, conta. Para isso, o planejamento é juntar dinheiro no ano que vem, quando se forma, e já sair da casa onde mora com os pais com destino ao exterior em 2016.
Leia matéria no site original aqui
Leia matéria no site original aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário