24 de novembro de 2014
Expert em psicologia escolar da PUC explica que, em geral, vítima se apresenta em condição de inferioridade em relação a agressor
Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)
"Bullying" entrou de vez no vocabulário dos brasileiros nos últimos
anos, mas a palavra inglesa não se refere a qualquer tipo de agressão ou
bate-boca entre colegas. São classificadas com esse termo as violências
físicas ou psicológicas feitas sistematicamente contra uma pessoa.
"No geral, a vítima se apresenta numa condição de inferioridade em relação ao agressor", explica Marilda Pierro, especialista em psicologia Escolar da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para ela, outro erro é considerar o bullying um fenômeno à parte, "desvinculado de outras formas de violência na sociedade".
De acordo com a especialista em bullying e doutora em Educação Cleo Fante, é importante diferenciar o bullying de uma ação pontual e também de brincadeiras que são próprias da idade. "O tema é novo e ganhou muita visibilidade. Mas não podemos nem pensar em banalização, porque se banaliza pode haver a legitimização por quem pratica e por quem sofre." Cleo também ressalta que o fenômeno não pode ser confundido com casos, por exemplo, de racismo no futebol.
O pesquisador Fábio Camilo da Silva, mestre em avaliação psicológica, acaba de lançar uma ferramenta que se propõe identificar possíveis vitimas ou autores de bullying dentro do ambiente Escolar. A chamada Escala de Avaliação do Bullying Escolar (EAB-E). "A gente criou escala direcionada para profissionais da Educação que pode ser utilizada pelo coordenador, ou mesmo em outros ambientes. Em qualquer momento que tenha reunião com intuito Escolar, como aulas de balé", diz ele. A deia, segundo ele, é que as crianças respondam ao conjunto de questões e, com base nisso, sejam criados dados científicos que deem base para fazer interferências. Silva lembra que, antigamente, a propagação de informações era diferente, o que coloca atualmente a prática em outra dimensão. "Hoje as consequências são maiores."
A prevenção e o combate ao bullying, de acordo com Marilda Pierro, da PUC-SP, depende da aproximação correta dos Professores. "Como todo e qualquer ato reprovável socialmente, as agressões tendem a ser camufladas", afirma. "Havendo confiança e proximidade entre Educadores e educandos, as coisas ficam mais fáceis", recomenda.
Situações de violência, na opinião da pesquisadora, também podem se tornar oportunidades pedagógicas. "Se os conflitos não forem evitados ou ignorados, é possível tratá-los como objeto de reflexões e aprendizagem para a convivência respeitosa", aponta.
Famílias. Saber identificar é também um desafio para as famílias. Uma publicitária de São Paulo que pediu anonimato diz que precisou de muita conversa com a filha de 10 anos para perceber que era hora de ir até a Escola - uma das mais tradicionais da cidade. "Ela não achava a Escola mais interessante e fomos tentando entender o por quê. Aos poucos ela foi falando que não se sentia mais à vontade de falar na sala porque sempre tiravam sarro dela. E teve crises de choro". Antes que as gozações contínuas evoluíssem, a mãe foi até a Escola, que soube contornar a situação. "Em uma viagem, a Escola colocou no mesmo quarto minha filha exatamente com a menina que mais a perseguia. Foi algo muito positivo", diz ela. "A minha preocupação é mais relacionada à maneira como isso pode comprometer o aprendizado."
Leia matéria no site original aqui
Opinião: Bullying já marca o relacionamento de 45% dos estudantes
Hoje vivemos em uma sociedade na qual, para uma parcela expressiva de pessoas, a felicidade está ligada àquilo que lhes pode trazer prazer, poder e impunidade. A linguagem que mais conhecem e usam com maior frequência é a agressividade, seguindo um modelo presumidamente de origem familiar, mas que termina por invadir as Escolas por meio do bullying, que marca o relacionamento entre cerca de 45% dos estudantes brasileiros.
Muitos estudos têm mostrado que é necessária uma interação complexa de fatores, que elevam o risco do aparecimento de condutas violentas nas crianças e jovens, para que o bullying apareça. Mas os estímulos familiares são os que influenciam por mais tempo a formação do ser humano. Assim como as vítimas, os agressores precisam do apoio da Escola, da família e de profissionais especializados. Sem ajuda adequada, muitas dessas crianças poderão vir a ser delinquentes na juventude e adultos desajustados no futuro.
*MARIA IRENE MALUF É ESPECIALISTA EM PSICOPEDAGOGIA E NEUROAPRENDIZAGEM
Leia matéria no site original aqui
Procura de colégios por apólices de seguro cresce 30% em dois anos
Para evitar prejuízos com indenizações, grandes Escolas recorrem a seguros contra o bullying. O total de apólices cresceu cerca de 30% em dois anos, segundo seguradoras e corretoras. O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieesp) tem orientado os filiados a fazer o seguro de responsabilidade civil para indenizações relacionadas a bullying, além de oferecer orientação jurídica.
"As famílias estão conscientes de seus direitos. A partir do momento que passa do portão para dentro, a responsabilidade é da Escola", diz o presidente do Sieesp, Benjamin Ribeiro da Silva. Segundo ele, as Escolas têm cada vez mais realizado trabalhos educativos e de conscientização. "O bullying sempre existiu. É difícil eliminar 100%. Estamos oferecendo cursos de formação, trabalhando pedagogicamente a questão, mas o seguro acaba precavendo contra situações que não se consiga identificar", completa.
As Escolas não divulgam se têm o seguro antibullying e também preferem não comentar o assunto. O receio é passar a impressão de descaso com as causas do problema.
Essa modalidade de seguro é oferecida há dois anos pela Ace e, neste ano, a Tokio Marine passou a ofertar a colégios pacotes que cobrem processos do tipo. Segundo a Tokio Marine, os contratos da área de Ensino cresceram 28% e representam 22% da carteira de seguro empresarial.
De acordo com Fernando Coelho dos Santos, cuja corretora integra a holding Brasil Insurance, o número de contratos avançou 35% desde 2012, quando a Ace criou o produto que também trata da chamada responsabilidade civil profissional. Ele não revela o número exato, mas aponta que mais de 300 Escolas já têm o seguro.
As clientes são de porte médio ou grande. "O bullying deu exponenciação na procura, porque aumentou a percepção do risco." O seguro cobre indenizações e também arca com custos com advogado e tratamento psicológico, mesmo que a demanda não chegue à Justiça.
Risco calculado. Santos explica que as próprias ações de prevenção são analisadas no cálculo de risco do segurado. "Fazer seguro não é incentivo para parar de cuidar da prevenção. É um ato de gestão e de defesa da Escola."
Leia matéria no site original aqui
"No geral, a vítima se apresenta numa condição de inferioridade em relação ao agressor", explica Marilda Pierro, especialista em psicologia Escolar da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para ela, outro erro é considerar o bullying um fenômeno à parte, "desvinculado de outras formas de violência na sociedade".
De acordo com a especialista em bullying e doutora em Educação Cleo Fante, é importante diferenciar o bullying de uma ação pontual e também de brincadeiras que são próprias da idade. "O tema é novo e ganhou muita visibilidade. Mas não podemos nem pensar em banalização, porque se banaliza pode haver a legitimização por quem pratica e por quem sofre." Cleo também ressalta que o fenômeno não pode ser confundido com casos, por exemplo, de racismo no futebol.
O pesquisador Fábio Camilo da Silva, mestre em avaliação psicológica, acaba de lançar uma ferramenta que se propõe identificar possíveis vitimas ou autores de bullying dentro do ambiente Escolar. A chamada Escala de Avaliação do Bullying Escolar (EAB-E). "A gente criou escala direcionada para profissionais da Educação que pode ser utilizada pelo coordenador, ou mesmo em outros ambientes. Em qualquer momento que tenha reunião com intuito Escolar, como aulas de balé", diz ele. A deia, segundo ele, é que as crianças respondam ao conjunto de questões e, com base nisso, sejam criados dados científicos que deem base para fazer interferências. Silva lembra que, antigamente, a propagação de informações era diferente, o que coloca atualmente a prática em outra dimensão. "Hoje as consequências são maiores."
A prevenção e o combate ao bullying, de acordo com Marilda Pierro, da PUC-SP, depende da aproximação correta dos Professores. "Como todo e qualquer ato reprovável socialmente, as agressões tendem a ser camufladas", afirma. "Havendo confiança e proximidade entre Educadores e educandos, as coisas ficam mais fáceis", recomenda.
Situações de violência, na opinião da pesquisadora, também podem se tornar oportunidades pedagógicas. "Se os conflitos não forem evitados ou ignorados, é possível tratá-los como objeto de reflexões e aprendizagem para a convivência respeitosa", aponta.
Famílias. Saber identificar é também um desafio para as famílias. Uma publicitária de São Paulo que pediu anonimato diz que precisou de muita conversa com a filha de 10 anos para perceber que era hora de ir até a Escola - uma das mais tradicionais da cidade. "Ela não achava a Escola mais interessante e fomos tentando entender o por quê. Aos poucos ela foi falando que não se sentia mais à vontade de falar na sala porque sempre tiravam sarro dela. E teve crises de choro". Antes que as gozações contínuas evoluíssem, a mãe foi até a Escola, que soube contornar a situação. "Em uma viagem, a Escola colocou no mesmo quarto minha filha exatamente com a menina que mais a perseguia. Foi algo muito positivo", diz ela. "A minha preocupação é mais relacionada à maneira como isso pode comprometer o aprendizado."
Leia matéria no site original aqui
Opinião: Bullying já marca o relacionamento de 45% dos estudantes
Hoje vivemos em uma sociedade na qual, para uma parcela expressiva de pessoas, a felicidade está ligada àquilo que lhes pode trazer prazer, poder e impunidade. A linguagem que mais conhecem e usam com maior frequência é a agressividade, seguindo um modelo presumidamente de origem familiar, mas que termina por invadir as Escolas por meio do bullying, que marca o relacionamento entre cerca de 45% dos estudantes brasileiros.
Muitos estudos têm mostrado que é necessária uma interação complexa de fatores, que elevam o risco do aparecimento de condutas violentas nas crianças e jovens, para que o bullying apareça. Mas os estímulos familiares são os que influenciam por mais tempo a formação do ser humano. Assim como as vítimas, os agressores precisam do apoio da Escola, da família e de profissionais especializados. Sem ajuda adequada, muitas dessas crianças poderão vir a ser delinquentes na juventude e adultos desajustados no futuro.
*MARIA IRENE MALUF É ESPECIALISTA EM PSICOPEDAGOGIA E NEUROAPRENDIZAGEM
Leia matéria no site original aqui
Procura de colégios por apólices de seguro cresce 30% em dois anos
Para evitar prejuízos com indenizações, grandes Escolas recorrem a seguros contra o bullying. O total de apólices cresceu cerca de 30% em dois anos, segundo seguradoras e corretoras. O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieesp) tem orientado os filiados a fazer o seguro de responsabilidade civil para indenizações relacionadas a bullying, além de oferecer orientação jurídica.
"As famílias estão conscientes de seus direitos. A partir do momento que passa do portão para dentro, a responsabilidade é da Escola", diz o presidente do Sieesp, Benjamin Ribeiro da Silva. Segundo ele, as Escolas têm cada vez mais realizado trabalhos educativos e de conscientização. "O bullying sempre existiu. É difícil eliminar 100%. Estamos oferecendo cursos de formação, trabalhando pedagogicamente a questão, mas o seguro acaba precavendo contra situações que não se consiga identificar", completa.
As Escolas não divulgam se têm o seguro antibullying e também preferem não comentar o assunto. O receio é passar a impressão de descaso com as causas do problema.
Essa modalidade de seguro é oferecida há dois anos pela Ace e, neste ano, a Tokio Marine passou a ofertar a colégios pacotes que cobrem processos do tipo. Segundo a Tokio Marine, os contratos da área de Ensino cresceram 28% e representam 22% da carteira de seguro empresarial.
De acordo com Fernando Coelho dos Santos, cuja corretora integra a holding Brasil Insurance, o número de contratos avançou 35% desde 2012, quando a Ace criou o produto que também trata da chamada responsabilidade civil profissional. Ele não revela o número exato, mas aponta que mais de 300 Escolas já têm o seguro.
As clientes são de porte médio ou grande. "O bullying deu exponenciação na procura, porque aumentou a percepção do risco." O seguro cobre indenizações e também arca com custos com advogado e tratamento psicológico, mesmo que a demanda não chegue à Justiça.
Risco calculado. Santos explica que as próprias ações de prevenção são analisadas no cálculo de risco do segurado. "Fazer seguro não é incentivo para parar de cuidar da prevenção. É um ato de gestão e de defesa da Escola."
Leia matéria no site original aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário