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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Número de formandos cai pela 1ª vez em 10 anos

10 de setembro de 2014
Em 2013, os formandos representaram 36% dos estudantes que entraram no ensino superior no mesmo ano. Em 2010, eram 45%

Fonte: O Estado de S. Paulo (SP)



O número de estudantes que concluem o Ensino superior no Brasil caiu 5,6% em 2013, a primeira queda em dez anos. Hoje, há um formando (36%) para cada três ingressantes – em 2009, essa proporção era de 46%. Os dados do Censo do Ensino Superior são vistos pelo Ministério da Educação como acomodação em um quadro de crescimento muito forte. Para especialistas, o modelo de expansão do sistema no País pode ter chegado ao limite.
Segundo dados do censo, divulgados ontem, 991.010 pessoas se graduaram, 59,4 mil a menos do que em 2012. E a proporção de concluintes também caiu,para 36%dos Alunos –queda de 9 pontos porcentuais desde 2010. Segundo o presidente do Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas Educacionais (Inep), Francisco Soares, a queda se explica pelo aumento considerável no número de vagas abertas. “É natural que, hoje, tenha mais Alunos entrando do que saindo”, afirmou.
Para especialistas, como Leandro Tessler, da Unicamp, o recuo pode indicar dificuldades econômicas de mais pessoas bancarem graduações particulares sem ajuda de bolsas e financiamentos – e seria preciso investigar as desistências. “Estamos próximos do limite de possibilidade de pagamento de cursos”, observa.
Em nota, o MEC informou que 97% da queda no número de concluintes se concentrou em 14 instituições, dez delas privadas. Esse grupo sofreu sanções recentes da pasta, com o fechamento ou redução de vagas no vestibular. Para instituições que encerraram as atividades, como ocorreu com em 2013 com a UniverCidade e a Gama Filho, ambas do Rio de Janeiro, o MEC garantiu que os egressos teriam o direito de se formar em outras faculdades.
O censo mostra ainda que o ritmo de expansãodo Ensino superior brasileiro diminuiu. Depois de alcançar um pico decrescimento de 10% a mais de vagas criadas entre 2007 e 2008, esse índice vem caindo consistentemente, alcançando um avanço de apenas 3,7% entre 2012 e 2013. No mesmo período, o número de estudantes que iniciaram um curso em instituições públicas de Ensino caiu quase 3%, e subiu apenas 0,5%no Ensino privado.
O recuo no número de ingressantes aconteceu em maior proporção nas instituições particulares.O ministro da Educação, Henrique Paim, atribuiu o fato aos cursos a distância. O censo mostra que a redução do número de ingressantes foi de mais de 20 mil nos cursos presenciais e ficou praticamente estável naqueles a distância.
Do mesmo modo, essa seria a explicação para parte da queda no total de formandos entre 2012 e 2013, concentrada nos cursos a distância e em instituições públicas.“Foram turmas específicas, criadas para uma determinada formação. Quando o curso acabou, elas não foram renovadas”, disse Paim. O total de formandos no Ensino a distância na rede federal caiu de 5.942 para 758 entre 2012 e 2013. Já no caso da queda nas privadas, Paim admite que são necessários mais estudos para descobrir as causas. PNE.
O censo indica o quanto o Brasil ainda precisaria crescer para alcançar as metas do novo Plano Nacional de Educação. O PNE determina que, em 10 anos, 50% dos jovens de 18 a 24 anos estejam no Ensino superior. Hoje, a taxa é de 28,7%.



Ensino a distância avança menos
A proporção de matrículas em cursos a distância (EAD) foi de 15,8% do total no ano passado. O crescimento de matrículas EAD (3,9%), porém, foi menor do que de vagas presenciais (3,6%). Entre 2009 e 2013, o avanço da quantidade de matrículas na modalidade foi de quase 76%. A maioria das graduações (86,6%) a distância é oferecida pelo setor privado.


Análise: Modelo de expansão do ensino superior dá sinais de limite
Bruno Morche
Os dados mostram redução no ritmo de expansão do Ensino superior brasileiro. A diminuição no processo de ampliação das matrículas ocorre nos setores público e privado. Comparações entre o Ensino superior brasileiro e o de outros emergentes sugerem que o modelo de expansão brasileiro, com base em um pequeno número de instituições públicas totalmente gratuitas e um grande setor privado, encontraria limites no início desta década.
Há limites de financiamento do governo para uma expansão significativa, dado o alto custo por Aluno. Outro motivo se refere ao setor privado, com a diminuição da demanda e o limite da capacidade econômica da população em continuar provendo recursos. Outro problema está nas baixas taxas de acesso e de conclusão no Ensino médio, que passam a representar um funil no acesso ao Ensino superior.



Busca por engenharias cresce 52% em três anos
O número de matrículas nos cursos de Engenharia, Produção e Construção subiu 52% nos últimos três anos, mas a proporção de Alunos na área, para cada dez mil habitantes, é três vezes mais baixa do que em Ciências Sociais, Negócios e Direito.Os dados são do Censo da Educação Superior 2013, divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC). O setor é considerado prioridade pela presidente Dilma Rousseff (PT), dada a alta demanda de engenheiros e técnicos no mercado.
Em alguns programas educacionais do governo federal, como o Ciência sem Fronteiras, que dá bolsas a universitários no exterior, as engenharias foram privilegiadas. Nas áreas de Ciências Sociais, Negócios e Direito, são 147,2 estudantes para cada 10 mil habitantes.Já nas engenharias, a proporção recua para 50,6 matrículas para a mesma parcela da população. Comparação feita pelo próprio ministério com a média de 2010 dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostra que essa proporção de estudantes de engenharias no Brasil ainda é bem inferior. O valor registrado entre as nações mais ricas é de 78,5.
O especialista em Ensino superior da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Leandro Tessler afirma que não adianta o governo aumentar a oferta de cursos nas engenharias, sem elevar a qualidade da Educação básica pública. “Falta melhorar, por exemplo, a formação em Matemática para que os jovens possam entrar e seguir em um curso desse tipo”, diz. Outras áreas.
A proporção de matrículas nos cursos de Saúde e bem-estar social no Brasil(49 por 10 mil habitantes) também é menor que a média da OCDE (72,7). Esse é outro setor-chave para o governo, que lançou o Programa Mais Médicos em 2013 para suprir a carência de profissionais de saúde nas periferias das capitais e no interior. Já nos cursos da área de Educação, a média brasileira (68,2) supera o registrado na OCDE (55,3).
Depois da engenharia, os cursos de Educação formam o grupo em que houve maior aumento na quantidade de matrículas – 3,53% por 10 mil habitantes. Pedagogia ainda domina a área, com 44,5% do total de matrículas. Em seguida, vem Educação Física (8,9%) e Biologia, Matemática e História (6% cada um). Maior procura.Os maiores cursos do Ensino superior, porém, continuam sendo Administração, com 800 mil Alunos, e Direito, com 770 mil.Pedagogia aparece em 3.º lugar e a primeira colocada das engenharias é a Civil, com apenas 3,5% das matrículas no País. Depois, em 10º, vem Engenharia de Produção, com 2%.

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