25 de Julho de 2014
Fonte:Federação Espírita do Maranhão
A arte tem papel fundamental na formação do ser humano.
Se assim não o fosse, ela não estaria presente em nossa sociedade desde a
antiguidade. Ela está em nossas vidas, nas mais variadas formas, em todo tempo,
por toda a nossa existência.
O problema é que muitas vezes não nos damos conta desta
presença e isso se dá em função do “anestesiamento” dos sentidos provocado, em
parte, pela perda gradual dos significados dos objetos e das relações em nossa
vida social. Mas é ela, nas suas diversas expressões e manifestações, o que dá
sentido às nossas vidas e nos propicia a compreensão do mundo social e
cultural.
No caso da arte à luz da doutrina espírita, esta também
pode nos levar à compreensão do mundo espiritual e de nosso papel no processo
evolutivo individual e coletivo.
Poderíamos, assim, indagar:
"144 - Qual a destinação da Arte no mundo e de que
maneira ela evolui?
A Arte tem como meta materializar a beleza invisível de
todas as coisas, despertando a sensibilidade e aprofundando o senso de
contemplação, promovendo o ser humano aos páramos da Espiritualidade. Graças à
sua contribuição, o bruto se acalma, o primitivo se comove, o agressivo se
apazigua, o enfermo se renova, o infeliz se redescobre, e todos os outros
indivíduos se ascendem na direção dos Grandes Cimos. A arte permanecerá no
mundo assinalando as fases de progresso ou de tormenta das criaturas, porém
oferecendo sempre harmonia e trabalhando os sentimentos elevados. Desse modo,
evolui do grotesco ao transcendental, aprimorando as qualidades e tendências,
que estarão sempre à frente dos comportamentos de cada época. Lentamente, e às
vezes com rapidez, a Arte se desenvolve alterando os conteúdos e melhor
qualificando a mensagem de que se faz portadora. " (Divaldo P. Franco por
Vianna de Carvalho. in: Atualidade do Pensamento Espírita. LEAL editora)
A arte é expressão da alma humana em sua essência maior:
a capacidade criadora. É a ligação com o criador. E por assim ser é sempre
elevada? Não, pois se manifesta de acordo com o grau evolutivo da criatura. Mas
é força que impulsiona e gradativamente conduz a alma ao seu destino divino.
"A arte é forte elemento de interação vertical, onde
a alma interage com as energias espirituais superiores que pululam no Universo.
À medida em que interage, desenvolve seu potencial anímico que se manifesta no
querer, ampliando sua faixa vibratória em níveis superiores, a arte aprimora os
sentimentos, direcionando os impulsos da alma para os canais superiores da
vida. Na alma enobrecida e elevada, a arte vive e vibra intensamente. Nesse
sentido, não poderá haver educação do Espírito fora da arte superior e
nobre." (Fonte: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo)
A arte elevada, bem como a verdadeira educação, não são
ferramentas que ajustam ou moldam os sujeitos às regras morais e culturais da
sociedade. São, em verdade, as asas que nos alçam à liberdade.
Mas o que é ser livre?
É ser autor e personagem de sua própria história. Ser seu
próprio artífice.
Muitos confundem o evangelizar e os usos da arte na casa
espírita, com a ideia de doutrinar e moldar o jovem de maneira que este se
encaixe às concepções do “bom espírita” e do “bom cidadão”. Mas a real transformação
não é realizada de fora para dentro. É, sim, pela ação do sujeito sobre si
mesmo, entendendo-se como um ser eterno e em constante evolução. Assim sendo, a
arte e a evangelização na casa espírita deveriam ser o espaço para a reflexão,
para a indagação, para a investigação, para a expressão e, acima de tudo, para
o autoconhecimento e o AMOR.
O evangelizador/artista seria o guia/provocador desse
processo e não o controlador/determinador. Seria aquele que cria as condições,
provoca e envolve amorosamente os sujeitos em um clima favorável ao exercício,
à criação e a reflexão sobre o fazer, o conhecer e o ser.
As diversas manifestações da arte e seu caráter educador e integrador.
Vejamos trechos do livro “Prática Pedagógica na
Evangelização”, de Walter de Oliveira Alves, Editora IDE, a fim de refletirmos
sobre as diferentes manifestações da arte e seu papel transformador das almas.
Teatro:
(...)Nada melhor do que a dramatização e o teatro para levar a criança a vivenciar certas emoções e situações. À medida em que vivência, ela trabalha com suas próprias energias íntimas, colocando-se no lugar do outro. O teatro levará a criança e o jovem a vivenciar situações, a imitar personagens, cujas personalidades poderão ser por ela assimiladas e que depois quererá vivenciar na prática.
(...)Nada melhor do que a dramatização e o teatro para levar a criança a vivenciar certas emoções e situações. À medida em que vivência, ela trabalha com suas próprias energias íntimas, colocando-se no lugar do outro. O teatro levará a criança e o jovem a vivenciar situações, a imitar personagens, cujas personalidades poderão ser por ela assimiladas e que depois quererá vivenciar na prática.
Artes Visuais: (...)O desenho, a pintura, a modelagem
são atividades criadoras, que poderão conduzir as energias do Espírito
para canais criativos superiores.
Música:
(...)O elemento melódico da música, em harmonia com o ritmo, embala a própria alma, ativando os movimentos interiores do Espírito. A arte melódica-harmônica-rítmica da música atinge as profundezas da alma, transportando o ser espiritual para as esferas superiores da vida, através da inspiração superior, atingindo as vibrações do mundo espiritual elevado e nobre.
(...)O elemento melódico da música, em harmonia com o ritmo, embala a própria alma, ativando os movimentos interiores do Espírito. A arte melódica-harmônica-rítmica da música atinge as profundezas da alma, transportando o ser espiritual para as esferas superiores da vida, através da inspiração superior, atingindo as vibrações do mundo espiritual elevado e nobre.
Dança:
(...)Dançando, o homem transcende o ser físico, adentrando na harmonia com o ser espiritual que há em si mesmo e exterioriza esse ser espiritual em vibrações harmônicas nos movimentos de seu corpo. A emoção vibra em seu coração e se exterioriza nos movimentos harmônicos do corpo, que representam os movimentos interiores da alma.
(...)Dançando, o homem transcende o ser físico, adentrando na harmonia com o ser espiritual que há em si mesmo e exterioriza esse ser espiritual em vibrações harmônicas nos movimentos de seu corpo. A emoção vibra em seu coração e se exterioriza nos movimentos harmônicos do corpo, que representam os movimentos interiores da alma.
Literatura
(...)A história mobiliza suas energias interiores e a criança, embora imóvel, está em ação, viajando por lugares inimagináveis. A capacidade sonhadora é impulso irresistível a atraí-la para mais alto.
(...)A história mobiliza suas energias interiores e a criança, embora imóvel, está em ação, viajando por lugares inimagináveis. A capacidade sonhadora é impulso irresistível a atraí-la para mais alto.
Como podemos observar no texto acima, as diversas
manifestações artísticas (e devemos incluir aí as artes tecnológicas) mobilizam
os sujeitos e, se vivenciadas na intenção do amor e do bem, conduzem ao
autoconhecimento, à estética e ao desenvolvimento moral e
espiritual.
Os jovens e as crianças da atualidade são espíritos de
uma nova era de transformação planetária. São almas sedentas e carentes.
Muitos, em suas últimas tentativas de redenção neste orbe. Outros, já
preparados para a nova etapa evolutiva da Terra. São almas que em sua
complexidade não mais são tocadas simplesmente pelas palavras de ordem ou
autoritarismos.
A urgente necessidade da reforma íntima convoca o ser em
sua inteiridade, não apenas o seu intelecto, mas este, integrado à
corporalidade e a subjetividade, conectados à natureza. Assim sendo, a arte, em
suas diferentes linguagens, propicia esta integração holística potente,
necessária e carregada de sentidos.
Recursos, metodologias e propostas.
“Técnicas e métodos pedagógicos são totalmente
secundários e mudam segundo a época, os costumes, os avanços tecnológicos. O
importante é a compreensão das finalidades fundamentais da educação, que é o
desenvolvimento integral do ser, rumo à transcendência; o importante é o papel
do educador, que deve ser aquele que provoca, instiga, desencadeia esse
desenvolvimento, graças ao seu amor, ao seu exemplo e seu contágio moral e
intelectual. (...)É preciso dar espaço à criatividade, convocar as pessoas a
criarem suas próprias propostas. Para se implantar uma proposta aberta assim, é
preciso conhecer muito bem o espiritismo e ser democrático, afetivo, fazendo
uma opção sincera pelo não-autoritarismo.” (Dora Incontri)
Ser um guia/provocador não é tarefa simples, pois não é
“deixar acontecer”. Mas, sim, é saber “fazer acontecer”. E isso envolve, por
parte do evangelizador/artista, comprometimento com:
·
Estudo Produtivo (Processo criador de formas
artísticas, materiais, processos e linguagens)
·
Estudo Teórico (Arte, História, Estética,
autores, teorias e abordagens)
·
Estudo Crítico (Apreciação da arte e da
natureza)
·
Exercícios de Recursos Internos (Percepção,
intuição, imaginação, reflexão, afetividade)
·
Estudos Pedagógicos (Conhecimentos situados
na Educação)
·
Estudos Doutrinários e Filosóficos
(Religiões, Espiritismo, Ética e Moral)
É necessário preparo intelectual, afetivo, moral e
espiritual para a grande tarefa. Pois a arte e seu ensino serão, neste milênio,
a tessitura da transformação e recriação das ações educacionais. Os Centros
Espíritas necessitam estar integrados à essa nova era que nos chega. Tem o
evangelizador/artista o papel de colaborar na transformação da casa espírita e
no desenvolvimento integral dos jovens. Acredito firmemente nesta
possibilidade. Como é possível? Costumo dizer que é funcionar como um bom
despertador de sensibilidades e consciências. Os recursos? São as almas. As
metodologias? O amor e a sabedoria. E as propostas? A criação e a realização.
E o quê, você artista e/ou evangelizador da seara
espírita tem a ver com isso?
TUDO! A transformação está em nossas atitudes. Mãos à
obra!
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