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02/09/2013 |
A “medalha de bronze” fica com o primeiro governante da ditadura militar, marechal Castello Branco (1964 a 1967), com 464 escolas. Já o ex-presidente João Goulart (1961 a 1964), deposto pelo golpe de 1964, tem 34 unidades com seu nome. Juntos, os cinco presidentes do Regime Militar estão “eternizados” em 976 escolas. Há 295 unidades Arthur da Costa e Silva (167 a 1969), 160 que homenageiam Emílio Garrastazu Médici (1969 a 1974) e 34 com o nome de Ernesto Geisel (1974 a 1979).
Responsável pela abertura política, João Figueiredo (1979 a 1985) foi contemplado com 23 escolas. — Quem governa escolhe o homenageado. Quando a situação muda, ocorre uma inversão de valores — observa Rodrigo Pato de Sá Motta, professor de História da UFMG. — Castello Branco ainda é visto como responsável por salvar o Brasil do comunismo, e o militar menos agressivo da ditadura. Jango foi tratado como responsável pela crise política e virou figura execrada por quem assumiu o poder.
A figura de Goulart ficou um pouco problemática mesmo após a redemocratização. Entre os ex-presidentes vivos, o senador José Sarney (PMDB) encabeça a lista, com 106 colégios batizados em tributo a ele. Num distante segundo lugar, está Luiz Inácio Lula da Silva, homenageado em oito escolas, seguido por Fernando Henrique Cardoso (seis) e Fernando Collor (cinco). A atual presidente, Dilma Rousseff, ainda não recebeu tal honraria. Mas o político da República mais laureado não foi presidente.
O jurista baiano Rui Barbosa perdeu duas vezes a corrida para a eleição presidencial, mas dá nome a 639 colégios. No Rio e em São Paulo, parlamentares discutem a mudança de nomes de logradouros que homenageiam figuras da ditadura militar como a Ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói) e a Rua Sérgio Fleury, um tributo ao ex- chefe do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) em São Paulo.
Em fevereiro deste ano, foi inaugurada a primeira escola com nome de preso político: o Colégio Estadual Stuart Edgar Angel Jones, em Senador Camará, Zona Oeste do Rio. Uma homenagem ao militante torturado até a morte durante o Regime Militar, em 1971.

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