Para líder de entidade, programa é emergencial e não trata de questões fundamentais Fonte: R7
23 de agosto de 2013
Apresentado de maneira mais concreta nesta quarta-feira (21) pelo ministro Aloizio Mercadante (Educação), o Programa Mais Professores adota similaridades com o Mais Médicos para atrair profissionais da educação para regiões mais distantes do País. A criação do programa já havia sido comentada anteriormente pelo ministro, mas só ontem, em audiência no Congresso, é que ele foi apresentada em detalhes.
Com o aumento salarial, o ministério deseja que bons professores se desloquem para escolas de municípios com índices de desenvolvimento humano baixos ou muito baixos e que tenham um baixo Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
O professor Chico Poli, presidente da Udemo (Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo), critica a medida, apontando que seu caráter é meramente emergencial.
— É um projeto de total emergência, de urgência, que, pura e simplesmente, quer levar os profissionais para essas regiões. [...] É puramente demagógico. Usando a expressão que se usa normalmente, "é para inglês ver". [...] É um problema que existe há pelo menos cem anos, resolveram enfrentá-lo agora, e enfrentar da pior maneira possível. Não pensaram na formação deste profissional, e não pensaram na motivação deste profissional. Aí sim entra salário e condição de trabalho.
Poli lembra que o importante não é apenas o salário, mas sim a condição de trabalho que o professor está inserido. Ele deve ficar em um lugar onde possa se desenvolver e viver bem. Além disso, é preciso que haja a perspectiva de progresso na carreira.
— Em terceiro lugar é que vem o salário. Apenas o salário, sem condições de salário, não vão conseguir [sucesso].
Para ele, o problema é estrutural, e vem de mais de cem anos, não sendo resolvido neste pouco espaço de tempo.
— Não dá para imaginar que vão criar infraestrutura para o trabalho do professor, assim como do médico, em um, dois, três meses, ou um, dois, três anos. Não fizeram isso em cem anos, não vão fazer isso em cem dias.
Questionado sobre a possibilidade de sofrer alguma alteração até sua apresentação final, Chico foi pessimista.
— Não acredito que isso vá acontecer, mas deveria. É um assunto que deveria voltar à discussão, ao debate.
Diferente do programa Mais Médicos, Poli lembra que há uma defasagem na carreira de profissionais da educação. Não há criação formação suficiente de bacharéis nas profissões para preencher as vagas.
— Estudos recentes mostram que não faltam médicos no Brasil, eles estão concentrados em determinadas regiões. Quanto aos professores, segundo o MEC [Ministério da Educação], há falta de 250 mil profissionais deste tipo no País. Então, mesmo que eles [o MEC] queiram seduzir os professores para ir para esses lugares, como com os médicos, eles não têm esse profissional. O Brasil não conta com esses profissionais.
O MEC ainda irá apresentar o projeto final do Programa Mais Professores, mas não há um prazo específico estabelecido.
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