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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Aposta em doutores faz a UnB subir em ranking

 
29/05/2013
A contratação de professores mais qualificados e o aumento na produção acadêmica colocam a universidade entre as seis melhores federais do Brasil e em 21° lugar na América Latina. Foi a segunda instituição do país que mais evoluiu em avaliação internacional
UnB dá salto de qualidade
GRASIELLE CASTRO
» ÉTORE MEDEIROS
Colaborou Adriana Bernardes[

A Universidade de Brasília (UnB) aparece como a segunda instituição de ensino superior que mais cresceu na avaliação da QS Quacquarelli Symonds University Rankings da América Latina, levando em conta as 30 melhores do ano passado. A universidade subiu quatro posições e, agora, ocupa o 21º lugar entre todas da região, o 8º entre as brasileiras e o 6º em relação às federais. A nota aumentou 5,8% em comparação ao ano anterior, puxada pela quantidade de professores doutores, a reputação acadêmica e a produção de artigos.

O decano de Graduação da instituição, Mauro Rabelo, destaca que o incentivo à pesquisa na UnB ajuda a aumentar a credibilidade da instituição. “Temos grupos com pesquisadores de excelência, com produtividade elevada, o que puxa os indicadores para cima”, afirmou (leia Três perguntas para).

Pelo critério de evolução no ranking, a instituição brasiliense só perde para a Universidade Estadual Paulista (Unesp), que teve nota 6,6% maior em relação ao ano anterior e subiu seis posições, alcançando a 11º colocação (leia quadro). O avanço reflete no desempenho geral do Brasil. O país domina o ranking, com dois estabelecimentos de ensino superior no top três, 11 entre os 30 primeiros e 28 entre os 100. Além disso, a Universidade de São Paulo (USP) ostenta há três anos a liderança da tabela.

Apesar do crescimento, a UnB já esteve melhor colocada. Na edição do ranking de 2011, a universidade ficou em 11º lugar. Em 2012, caiu e, neste ano, apresentou um avanço considerado significativo. Na avaliação de especialistas ouvidos pelo Correio, a UnB ainda precisa investir na infraestrutura de ensino e pesquisa e aumentar os programas de cooperação com instituições de outros países. “Ela sofreu com a instabilidade das mudanças de gestões. À medida que atingir um ponto de continuidade de políticas de investimentos e aumentar a cooperação internacional, a posição no ranking vai melhorar”, avalia Célio da Cunha, professor aposentado da Faculdade de Educação da UnB e professor do Centro de Pós-Gradução em Educação da Universidade Católica de Brasília.

Investimento

Dos sete critérios usados para ranquear as instituições, a UnB ainda precisa melhorar nos quesitos reputação do empregador, citação em artigos e desempenho do aluno. Segundo Mauro Rabelo, outro entrave é a infraestrutura.
Os pontos positivos da instituição refletem os argumentos do estudo para o bom desempenho do país. Entre as justificativas, está o crescente investimento do governo em pesquisas. O pró-reitor de Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Renato Lima, destaca que o investimento na produção de ciência e tecnologia no Brasil é superior aos demais países da América Latina.


Três perguntas para Mauro Luiz Rabelo, decano de Graduação

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O estudo é confiável?
A avaliação é sempre bem-vinda, porque é um olhar externo, que promove a reflexão no sentido de buscar estratégias para continuar reforçando os pontos positivos e buscar a melhoria dos negativos. Mas um só indicador muito dificilmente retrata a realidade, deve ser associado a outros. A posição da UnB no ranking divulgado é compatível com outras medições e com avaliações que o próprio governo tem promovido. Temos indicadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), que é muito mais complexo, no qual a UnB oscila entre a 5ª e a 6ª posição no Brasil. É muito difícil se chegar a um número que reflita a pluralidade de uma instituição pública federal.

Quais são os pontos fortes da UnB?
Tradicionalmente, a pesquisa é muito presente nas instituições públicas, e isso se reflete no ranking, que tem esses parâmetros como critério. Temos grupos com pesquisadores de excelência, com produtividade elevada, o que puxa os indicadores para cima. Embora seja difícil quantificar o investimento da UnB em pesquisa, muitos dos pesquisadores também buscam financiamento externo, de outras fontes, órgãos de fomento, como Capes e CNPQ. A UnB possui, atualmente, cerca de mil bolsistas somente de iniciação científica, além de 18 Programas de Ensino Tutoriado.

Qual é o maior entrave para o crescimento da UnB?

A infraestrutura ainda é com o que mais sofremos. Existem salas que precisam ser melhoradas, laboratórios que devem ser modernizados, mas existe uma dificuldade muito grande para a aquisição de material e de equipamentos. Pelo fato de a universidade ser uma instituição pública, os processos são muito lentos. Estamos concluindo agora, por exemplo, a aquisição de equipamentos solicitados em 2011. Essa demora prejudica tremendamente o bom andamento de diversas ações da universidade.

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