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25/04/2013 |
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Para ser concretizada, a fusão da Anhanguera com a Kroton terá de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Vinculado ao Ministério da Justiça, o órgão tem a missão de coibir a formação de cartéis e garantir a livre concorrência, cabendo-lhe julgar os processos de fusões, aquisições de controle acionário e atos de concentração econômica entre grandes empresas que possam comprometer o livre jogo de mercado.
Nos últimos seis anos, foram realizadas 180 fusões, aquisições e incorporações de empresas da área de educação. Desde então, o Cade se tomou mais rigoroso na análise dessas transações. No caso da fusão de redes de eletrodomésticos, o órgão analisa município por município para encontrar aqueles onde há sobreposição de lojas e estabelecer critérios para a venda à concorrência. Na área de educação, o Cade verifica como se dá a competição bairro por bairro entre as empresas que se fundem e avalia os aspectos acionários da fusão, para saber se há participações prévias de controladores ou dirigentes com outras empresas. "A metodologia do Cade para os casos no setor de educação identifica raios de deslocamento de alunos", diz o conselheiro Alessandro Octaviani, relator da aquisição da Anhembi Morumbi pela Laureate Education - um conglomerado que atua em vários países.
Essas transações consolidam no campo da educação as mesas transformações já ocorridas em outros setores da economia brasileira. Com a globalização da economia, vários grupos nacionais perderam escala e competitividade e foram vendidos a conglomerados estrangeiros. A concentração econômica é uma das consequências desse processo. Outra é a internacionalização de setores econômicos inteiros, como ocorreu nas áreas de eletrodomésticos, autopeças e lojas de departamento. No setor educacional, essas mudanças começaram em 2005, quando a Laureate Education comprou um expressivo lote de ações da Anhembi Morumbi. Há meses, o grupo comprou as ações restantes e se tornou o único controlador da instituição.
A expansão do ensino superior brasileiro começou nas décadas de 1970, com a transformação de instituições isoladas em universidades particulares e confessionais. Elas passaram de 20, em 1985, para 85, em 2000. Estimuladas pela expansão do ensino básico, essas universidades abriram novos campi e diversificaram suas atividades, criando cursos de educação continuada e investindo em produção de material pedagógico para todos os ciclos de ensino. Na última década, os fundos de private equity - que compra participações em empresas - ampliaram suas inversões no setor educacional e prepararam os grupos do setor para a abertura de capital. Atualmente, as universidades privadas controlam 75% do ensino superior do País - e vários grupos controladores, como é o caso da Anhanguera e da Kroton, negociam seus títulos em bolsas de valores.
A fusão da Anhanguera com a Kroton - que resultará na 30ª maior empresa na Bovespa - é desdobramento do processo de concentração do setor educacional.
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