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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Classe C: bolsas e crédito estudantil em universidade privada são opções
Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra - Terra Educação - 04/07/2012 - São Paulo, SP

Entrar em uma universidade pública é tarefa difícil. Os vestibulares mais concorridos atraem quem tem mais condições para pagar bons cursinhos preparatórios e dedicar grande parte do tempo aos estudos. Por isso, os jovens de classes menos abastadas acabam encontrando nas universidades particulares uma saída para cursar o ensino superior. E as bolsas de estudo, como o crédito estudantil, são opções para aliviar um pouco o bolso dos estudantes e de suas famílias.

É o caso de Tyrone Rodovalho, que hoje cursa Publicidade e Propaganda da ESPM de Porto Alegre (RS). Ele, que está no sexto semestre, saiu da cidade natal, Goiânia, atrás de uma oportunidade em um curso conceituado na área em que pretende atuar. `Movimentei a família inteira para ajudar a pagar. Eu trabalho, meus pais, vô e vó ajudam`, conta. O garoto fez a maior parte do ensino fundamental em escola pública, mas resolveu investir em um ensino médio mais forte, em escola particular, para conseguir ingressar na faculdade. Hoje ele paga as mensalidades por meio de financiamento estudantil, mas segue correndo atrás de bolsas.

Para Alberto Francisco do Nascimento, coordenador de vestibular do cursinho Anglo de São Paulo, grande parte dos jovens da nova classe C escolhem universidades e faculdades particulares. Ele revela que mesmo os alunos que decidem reforçar os estudos no preparatório não tem, na sua maioria, ambição de entrar nas mais concorridas. A culpa disso, segundo ele, está na diferença de qualidade entre ensino público e privado.

Quem fez o ensino médio em escola pública ou em particular com bolsa integral tem direito a concorrer a uma das bolsas do ProUni, programa do governo federal. Para ser beneficiado, é necessário ter boa nota no Enem e renda familiar de até três salários mínimos por pessoa. As instituições, então, selecionam os candidatos de acordo com o número de vagas disponível. Quem não se enquadra nesses pré-requisitos ainda tem chance de conseguir uma bolsa dependendo da instituição. Algumas oferecem o benefício aos primeiros colocados no concurso vestibular ou para quem comprova baixa renda. Nesse caso, os estudantes devem consultar as próprias universidades.
O governo federal ainda oferece o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A juros de 3,4% ao ano, o estudante pode utilizar o fundo para parcelar as mensalidades da faculdade. O candidato deve se inscrever no site do sistema para solicitar o benefício. Além disso, diversos bancos e algumas universidades têm seus próprios mecanismos de financiamento educacional.

Cursinhos comunitários voltam-se às classes D e E
A opção para quem não pode gastar muito no período pré-vestibular acaba sendo estudar em casa - caso de Tyrone - ou recorrer aos cursinhos comunitários. A professora Maria Bastos, diretora do pré-vestibular social da Fundação Cecierj, do governo do Estado do Rio de Janeiro, explica que essa modalidade está disponível para quem tem ainda menor renda. Esses cursinhos são direcionados aos moradores da periferia e é preciso apresentar atestado de condição socioeconômica. `Se sobram vagas, e isso acontece mais no interior do Rio, abrimos para quem tem a renda um pouco mais elevada`, diz. Ainda assim, a procura no pré-vestibular aumentou 15%.

Há opções de cursinhos comunitários em diversas cidades do país. Em algumas, como São Paulo, a lista está disponível no site da prefeitura, incluindo o oferecido pelos alunos da USP, preparatório para entrar na universidade.

A professora do departamento de Ciências Sociais da PUC-RJ Angela Randolpho Paiva já sente o reflexo das mudanças na universidade. Para ela, é visível o aumento do número de alunos de classe C na instituição, e isso se dá graças ao grande número de bolsas oferecidas. Só na PUC-RJ, cerca de metade dos alunos da graduação participam de algum programa de incentivo. A exemplo de outros brasileiros, essa é a oportunidade para os pais de jovens como Tyrone, que não conseguiram concluir o ensino superior, verem os filhos com um diploma.

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