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quinta-feira, 26 de abril de 2012

AL: universidade estadual terá cotas para alunos de rede pública
Odilon Rios - Terra Educação - 26/04/2012 - São Paulo, SP
A pedido da Defensoria Pública de Alagoas, a Justiça determinou que a Universidade Estadual de Ciências da Saúde (Uncisal) use um sistema de cotas para a inclusão de alunos na universidade, que é mantida pelo Governo estadual. Pela decisão, 50% das vagas em todos os cursos serão para os alunos que estudaram o ensino fundamental e todo o ensino médio nas escolas públicas de Alagoas.
A decisão da juíza Maria Ester Manso é decorrente de uma liminar de 2008 - o sistema de cotas vai sendo progressivamente implantado (o de cotas raciais já existe). Há três dias, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região, com sede em Recife, validou o sistema de cotas raciais pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
A sentença da magistrada fala dos alunos das escolas públicas, mas não invalida a análise do sistema de cotas raciais, cujos casos são encaminhados a Justiça, pela Defensoria Pública. `É lógico que se um estudante de escola pública, com todas as adversidades, ficar entre os primeiros classificados nas vagas dos cotistas, representa uma preparação intelectual, por vezes até maior, do que os estudantes oriundos dos cursinhos de alto custo`, disse o defensor Othoniel Pinheiro , autor da ação.
Como a Uncisal está em greve, ninguém foi localizado para comentar a decisão da juíza Esther Manso. Em Alagoas, 25% da população é analfabeta, o maior percentual do Brasil - que também acumula a maior distorção entre negros e brancos analfabetos.
Segundo a professora-mestra em Educação Brasileira, Ana Cláudia Larindo, que estudou a influência do racismo nas escolas públicas de Alagoas e as taxas de evasão escolar, alcançar a universidade é quase um luxo para os alunos das escolas públicas. `Não se pode comparar a formação de um aluno de uma escola particular de alto padrão, com salas com ar condicionado, quadros brancos, recursos multimídia e aulas de reforço com o aluno de uma escola pública que tem um professor com um salário desmotivador e um ambiente de violência, ameaça de traficantes e uma estrutura física que não motiva um aluno. Nunca sairemos dos tempos pós-abolição, sem as cotas. Sinceramente: quando se coloca um aluno de uma escola pública e de uma particular na hora do vestibular, alguém tem dúvidas de quem tem mais vantagem na hora de agarrar a vaga?`, questionou.

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