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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Tão longe, tão perto

05 de janeiro de 2012
Com Haddad e Chalita, Educação deve dominar campanha paulistana em 2012

Fonte: Brasil Econômico (SP)

Diante da ausência de nomes com 'grecall' no PSDB, cresce no meio político a aposta de uma disputa polarizada entre dois especialistas em Educação na eleição para a prefeitura paulistana neste ano. O ministro da Educação, Fernando Haddad, do PT, e o ex-secretário de Educação de São Paulo e deputado federal Gabriel Chalita, do PMDB, certamente colocarão o tema no centro do debate.

A gestão das salas de aula no município exigiu despesas de R$ 5,2 bilhões até novembro de 2011. Neste ano, o orçamento da Secretaria de Educação é o maior dentro da Prefeitura: R$ 7,2 bilhões.

Mas, apesar de orbitarem na mesma área de influência no plano nacional (ajudarama eleger e apoiam o governo Dilma), terem uma formação acadêmica parecida (são advogados, um pela PUC e outro pela USP, alem de filósofos diplomados), e de serem uma novidade (são jovens, bonitões e tem ficha limpa), Haddad e Chalita têm visões diferentes de mundo.

O primeiro é petista e sempre foi. O segundo começou no PDT, mas construiu sua carreira e o ideário político no PSDB antes de migrar para o PSB e, depois, para o PMDB. "Minha visao é menos estatista que a dele", reconhece o deputado.

Enquanto o ex-tucano é um entusiasta das Parcerias Público Privadas (PPPs) na saúde e defende que o modelo seja replicado na Educação, o petista vê a ideia com reservas.

"A visão que existe em São Paulo é que o equipamento público deve ser gerido pela iniciativa privada. Eu entendo que os equipamentos públicos devem ser geridos pelo poder público. De qualquer forma, quando se opta por um modelo de gestão, você não tem como rever tudo o que foi feito do dia para noite", pondera o ministro.

Entre educadores e representantes do setor, as opiniões se dividem a respeito dos dois. "O meu candidato com certeza é o Haddad. Ele criou vagas nas universidades e tem um olhar que valoriza os profissionais da Educação. Além disso, fez o Plano Nacional de Formação dos Professores, iniciativa inédita", afirma Maria Izabel Noronha, a Bebel, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo.

Em relação a Chalita, ela diz que nunca teve embates diretos com ele, mas critica sua "visao minimalista do estado". A lider sindical aposta, ainda, que haverá um apoio maciço da categoria ao ministro petista.

Há controvérsias. "Os professores não apoiarão o Haddad. Ele não foi um gestor de qualidade. Basta ver o caso do Enem", rebate o vereador paulistano Claudio Fonseca (PPS), presidente do Sinpeem Sindicato dos Profissionais de Educação do Ensino Municipal (Sinpeem)

Para Claudio Moura e Castro, economista e renomado especialista em Educação, o fato de dois dos postulantes paulistanos serem ligados a Educação não significa que o debate vai se aprofundar no tema. "Campanha infelizmente não é lugar para discussões sérias, mas uma guerra de slogans".

Sem tomar partido, ele pondera sobre os estilos e currículos de cada um. "A pedagogia do afeto do Chalita prega que o afeto resolve tudo. Isso é muito simplista. Já o Haddad caiu de para-quedas na Educação, mas tem uma ótima formação".

Segundo Moura e Castro, a Educação encontra hoje uma "crise de gestão nas grandes metropoles". Quando questionados sobre o que acham um do outro, Chalita e Haddad são cordiais e lembram que foram parceiros na elaboração do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Agora os dois estão de olho no segundo turno. Se um deles passar e o outro não, certamente os slogans serão muito parecidos. 

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