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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Como funciona a teoria do Enem

04 de janeiro de 2012
Sistema leva em conta a qualidade da pergunta

Fonte: Zero Hora (RS)

O método de avaliação utilizado pelo Ministério da Educação (MEC) no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é alvo de discussão entre estudantes, pais e educadores. Complexa, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) reúne diversos fatores e envolve modelos matemáticos, o que dificulta o entendimento.

Usualmente, o desempenho de um candidato em um teste é calculado pelo número de acertos, ou seja, o escore bruto. A metodologia da TRI, no entanto, faz diferente, de acordo com o tipo de prova. No caso do Enem, que apresenta questões de múltipla escolha, com uma alternativa certa e quatro erradas, o modelo leva em consideração três parâmetros:

- Poder de discriminação: mede a qualidade da pergunta.
- Grau de dificuldade: as questões são divididas em fáceis, médias e difíceis.
- Possibilidade de acerto ao acaso (chute): como a prova é de múltipla escolha, o estudante pode acertar questões sem dominar o conhecimento necessário.

Tudo isso influencia na hora de calcular as notas, podendo levar a situações em que um aluno com 35 acertos obtém uma pontuação menor do que outro com 33 ou 34. Em relação ao chute, o professor Dalton Francisco de Andrade, da área de estatística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explica que, na lógica da teoria, não faz sentido alguém acertar uma questão difícil e errar uma fácil.

– É claro que o candidato pode se enganar, mas, de uma forma geral, esse é o raciocínio – aponta o docente.

Um exemplo: dois alunos acertam nove questões de um total de 45, na mesma prova. Um deles acerta as nove perguntas mais simples, e o outro, as nove mais complicadas. Quem merece a nota maior?

– Aquele que acertou as mais fáceis, pois é mais provável que ele tivesse dominado esses conhecimentos. O outro tem mais chance de ter sido no chute. Os dois candidatos só terão a mesma nota se acertarem as mesmas nove questões – indica Andrade.

A partir do desempenho dos participantes, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) constrói uma escala de notas máximas e mínimas que permite ao aluno comparar seu desempenho com o dos demais estudantes.

Para conhecer o nível de dificuldade, o poder de discriminação e a possibilidade de chute, o MEC faz pré-testagens com estudantes de todo o país. As questões testadas são utilizadas, posteriormente, nas provas do exame.

No Enem 2011, o problema surgiu bem aí, pois alunos do Ceará tiveram acesso a 14 questões do exame em um simulado, o que levou à anulação das perguntas para 1.139 estudantes.

De acordo com o MEC, a decisão de implementar a TRI na correção do Enem teve duas finalidades principais: permitir a comparação dos resultados entre diferentes edições e a aplicação do exame várias vezes ao ano. Em 2012, o ministério já pretende realizá-lo em duas edições, a primeira em 28 e 29 de abril e a segunda, provavelmente, em novembro.

A teoria começou a ser utilizada no Brasil em 1995, com o Sistema de Avaliação daEducação Básica (Saeb). Outras avaliações que fazem uso da TRI são o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o Toefl, exame de proficiência em língua inglesa, e o Scholastic Aptitude Test, exame que serve de critério para admissão nas universidades norte-americanas.

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