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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

PROPOSTA DE GREVE EXPÕE RACHA


Ao votar hoje paralisação, movimento sindical traz à tona abalo nas relações entre um governo de esquerda e sua base eleitoral
Fonte: Zero Hora (RS)

Por trás da proposta de greve dos professores que será analisada hoje na assembleia geral do Cpers, irrompe o maior abalo da história do PT gaúcho com o movimento sindical. Nunca um petista ganhara nariz de Pinóquio – como o governador Tarso Genro é retratado em cartazes espalhados pelo sindicato – e nunca o Cpers se manteve ideologicamente tão distante do partido.

O combustível para o racha é que a presidente do sindicato, Rejane de Oliveira, é filiada ao PT. E o secretário da Educação, Jose Clovis de Azevedo, é um histórico militante da mesma entidade. Ambos integram a Democracia Socialista (DS), maior corrente petista gaúcha, agora dividida.

Rejane ocupava um cargo na executiva do partido, mas foi afastada pela DS por protestar contra a reforma da Previdência instituída por Tarso. – Ela foi substituída porque exercia uma função de direção. E não expressava as posições que entendíamos como as mais corretas – justifica o presidente do PT gaúcho, deputado Raul Pont, principal líder da DS no Estado.

Mas Rejane foi reeleita presidente do Cpers em junho, com o apoio de quase 30 núcleos do sindicato, boa parte coordenada pela DS – são 42 núcleos no total. E irritou líderes do governo ao coligar-se com partidos de oposição, como PSOL e PSTU.

Governo anuncia mais R$ 100 milhões para 2012
Resultado: pela primeira vez em um governo petista, o sindicato reivindica não apenas aumento salarial, mas parte para um embate ideológico – os novos critérios de promoção para professores, sugeridos pelo Piratini, são avaliados como neoliberais, e a reforma no ensino médio atenderia apenas aos “interesses do mercado”.

Na gestão de Olívio Dutra, a única greve de professores exigiu somente reajustes salariais, não ridicularizou a imagem do governador e foi em março do segundo ano. Desta vez, a ameaça de paralisação ocorre antes dos primeiros 12 meses e surge no momento mais delicado, o final de ano letivo.

Ontem, o governo anunciou a concessão de mais R$ 100 milhões em reajustes para o magistério em 2012 (somando R$ 500 milhões no total). Para um assessor do Piratini, o anúncio teria efeito maior há uma semana.

PAULO GERMANO E MARCELO GONZATTO
paulo.germano@zerohora.com.br

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