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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

GREVE DE PROFESSORES PREJUDICOU PREPARAÇÃO DE ALUNOS


Os 62 dias de paralisação dos professores estaduais prejudicaram a preparação da maioria dos estudantes da rede para o Enem
Fonte: O Povo (CE)

“Apesar da greve, a escola fez de tudo para nos ajudar. Ainda assim, não me sinto tão preparada. Claro, vou dar o melhor de mim, mas sei que existem falhas na minha formação para as provas”, inquieta-se a estudante da Escola de Ensino Médio Governador Adauto Bezerra, Hannah Tereza Barbosa, 17.

Duas semanas após as aulas terem sido retomadas na rede pública estadual, depois de 62 dias de greve dos professores, Hannah preocupa-se com o seu desempenho no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), que começa amanhã.

Dados da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) registram que 116 mil estudantes, de um total de 487 mil da rede estadual, permaneceram sem aulas, durante a greve. De acordo com a Seduc, 83 mil estudantes da rede pública estadual estão no páreo para conseguir rendimentos que lhes permitam o acesso à universidade pelo Enem.

Esse número representa 85% dos estudantes de 3º ano, conforme explica o coordenador de aperfeiçoamento pedagógico da Seduc, Rogers Mendes. Ele admite que o recesso forçado pode ser refletido no resultado dos estudantes na prova. “Foi prejudicial a quebra do ritmo”, diz.

Defasagem
Na Escola Estadual Figueiredo Corrêa, dos 200 estudantes do 3º ano, 62 estão inscritos no Enem. Professores da instituição veem na longa pausa um motivo a mais para ficarem apreensivos por seus estudantes, nas provas deste fim de semana. Paulo Ponte, professor de História do 3º ano da escola, elenca dificuldades.

“Já começamos o ano letivo dois meses atrasados, em relação à maioria das (escolas) particulares, por causa de greves anteriores. Professores faltam muito. Existem limitações de estrutura para transmitirmos melhor o conteúdo. A greve só veio agravar o problema. Sem dúvida, nossos alunos vão para a prova com uma defasagem de aprendizado grande”, desabafa.

Em 2010, a Escola Estadual Paulo VI ficou em primeiro lugar entre as escolas profissionais de Fortaleza. Apesar de otimista, a coordenadora pedagógica da escola, Gecilvone Passos Gonçalves, sabe que o Enem exige uma preparação que pode não ser compatível com a dos estudantes. “Eles não são bem preparados para a estrutura da prova”, declara.

Rogers Mendes, da Seduc, afirmou que a secretaria tentou amenizar os efeitos da greve com nove aulões oferecidos aos estudantes em escolas polos da Capital, durante o recesso. Destacou também o curso Enem 2011, realizado em parceria com a Fundação Demócrito Rocha, que chegou a todos os alunos da rede estadual.

Sara Rebeca Aguiar
sararebeca@opovo.com.br

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