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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

GREVE: SEM AULA HÁ 83 DIAS, ALUNOS ESTUDAM EM CASA EM MG


Para minimizar os prejuízos com a paralisação dos professores em Minas Gerais, que já dura 83 dias, muitos pais têm procurado alternativas para que os filhos não percam o ano letivo
Fonte: Terra

NEY RUBENS
Direto de Belo Horizonte
 
Para minimizar os prejuízos com a paralisação dos professores em Minas Gerais, que já dura 83 dias, muitos pais têm procurado alternativas para que os filhos não percam o ano letivo. Ricardo Balciunas, 45 anos, tem dois filhos na rede pública do Estado.

Os adolescentes, de 15 e 16 anos, estão no primeiro e no segundo ano do ensino médio da Escola Estadual Maestro Villa Lobos, que está parcialmente paralisada devido à greve. Enquanto alguns professores já retornaram para as aulas do primeiro ano, o segundo ano está completamente parado.
Quando a greve se agravou, Ricardo incentivou que eles estudassem em casa para que o aprendizado não ficasse comprometido, mas decidiu por mantê-los na escola. Segundo o advogado, "é muito difícil conseguir transferência agora, no meio do ano. Tenho muita sorte dos meus filhos não terem dificuldade com os estudos.

Eles estão estudando em casa e recuperando as matérias, mas isso desmotiva os meninos. Eles não sabem como vai ser o ritmo quando voltar e como a matéria será dada. Corre o risco de eles perderem o ano letivo", conta.
Ricardo afirma que sempre procura informações na escola sobre o fim da greve, mas eles não apresentam uma previsão para o retorno das aulas. "A gente entende que a reivindicação dos professores é justa, mas ela já é um problema para os alunos. É um cabo de guerra de duas forças e ninguém quer ceder", conclui.
Procura por escolas particulares aumentou
Outra alternativa buscada pelos pais é a transferência dos filhos para escolas da rede particular. O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) aponta que desde o início da greve cerca de 5 mil alunos já pediram transferência para essas instituições.

Segundo o sindicato, a maioria destes alunos são do último ano do ensino médio, que esperam concluir sua preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No caminho desta transferência estão obstáculos financeiros, falta de vagas e dificuldade de adaptação.
O Colégio Helena Bicalho, no bairro São João Batista, região nordeste de Belo Horizonte, recebeu várias ligações com pedidos de transferência durante este período de greve. De acordo com o professor José de Sales Bicalho, diretor do colégio, a maior procura foi para os últimos anos dos ciclos - fundamental e médio -, porém não há mais vagas em nenhuma destas séries.
Além disso, outro ponto que o diretor considera determinante para a transferência é a capacidade do aluno em acompanhar a turma. "Vários alunos que tentaram uma vaga no colégio não tinham essa capacidade e infelizmente tivemos que recusá-los. Só aceito um aluno se for para o bem dele. Um aluno que entra sem o conhecimento necessário acaba reprovado", conta José Bicalho. Somente dois estudantes conseguiram transferência para o colégio nesse período, um da sétima série e outro do primeiro ano.
Negociações
O governador Antônio Anastasia se manifestou pela primeira vez a respeito da greve dos professores na manhã desta segunda-feira. Segundo o governador, o Estado está aberto para negociações, porém "essa negociação deve ser feita de boa fé, com base na realidade da responsabilidade fiscal e com base na possibilidade de pagamento do Estado. Aliás, vivemos hoje, no Brasil e no mundo, um momento de atenção com a crise econômica que se avizinha", disse.
O governador anunciou que diversas medidas serão adotadas pela Secretaria de educação para evitar os prejuízos dos alunos. Segundo Anastasia, já foram contratados professores substitutos para o terceiro ano do ensino médio, para evitar prejuízos por causa do Enem. Os alunos também vão receber reforço por meio de aulas ministradas pela rede pública TV Minas.
Os professores reivindicam o cumprimento imediato do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN). Na última quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) regulamentou a lei que criou o piso, que determina que nenhum professor da rede pública com formação de nível médio e carga horária de 40 horas semanais pode ganhar menos que R$1.187. Segundo o sindicato dos professores, o piso salarial do Estado é de R$ 369.

Na próxima quarta-feira, às 14h, os professores farão uma nova Assembleia Estadual para decidirem qual o futuro do movimento

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