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segunda-feira, 30 de maio de 2011

OPINIÃO: A GREVE FORTALECIDA


30 de maio de 2011


''Professores da rede estadual entram hoje no 13º dia de greve conquistando o mais importante aliado político desde que o movimento foi deflagrado, dia 11: o parlamento estadual'', diz Moacir Pereira
Fonte: Jornal de Santa Catarina (SC)
* MOACIR PEREIRA

Os professores da rede estadual de ensino entram hoje no 13º dia de greve conquistando o mais importante aliado político desde que o movimento foi deflagrado, dia 11: o parlamento estadual.

O presidente Gelson Merisio (DEM) já comunicou ao governo que a Assembleia Legislativa só votará a medida provisória assinada pelo vice-governador Eduardo Moreira (PMDB), fixando o piso para os níveis inferiores do magistério, depois de acordo político com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação.

Sem acordo não haverá tramitação da matéria no Legislativo. Está, assim, sepultada a ameaça de rolo compressor. O governador tem maioria confortável na Assembleia, mas os deputados não têm disposição de um confronto com o magistério, pagando a conta político-eleitoral de equívocos na condução do processo.

Como os professores não aceitam a medida provisória e estão até fazendo uma campanha em todo o Estado, é de se concluir que o ato governamental não deverá prosperar, embora já esteja produzindo seus efeitos, com força de lei.

Na base governista, ficou claro que o governo cometeu uma sucessão de equívocos e avaliou mal o movimento do magistério. Em primeiro lugar, a proposta do secretário da Educação, Marco Tebaldi, do pagamento do piso como remuneração. Desconheceu o teor da Lei Federal 11.738, que fixou o piso equivalente a vencimento básico e, sobretudo, a decisão do Supremo.

Depois veio a falta de informação sobre a real disposição dos professores, que realizaram assembleia estadual inédita e uma manifestação singular. O governo apostou no esvaziamento quando decidiu pagar o piso só para os níveis salariais mais baixos. Nem os ACTs voltaram ao trabalho. Ao contrário, há indicativos de que a medida causou mais indignação por liquidar a carreira, a maior conquista da categoria.

Para parlamentares aliados, ficou a impressão de dessintonia entre o governo e a realidade. Indaga-se o que era mais importante: ficar em SC e agilizar medidas, abrir negociação real com o Sinte e encontrar uma solução emergencial para a greve, ou viajar à Europa para cumprir uma agenda flexível de contatos empresariais que poderiam acontecer mais tarde?

Prospecções internacionais são importantes para o Estado. Visitas a empresas aqui instaladas ou que aqui queiram montar fábricas constituem investidas elogiáveis dos governantes. Mas tudo com uma agenda robusta, a presença de líderes empresariais e em período de harmonia, sem greve num setor público tão vital. Faltou timing na assinatura da medida provisória e na realização da viagem.

Uma constatação que eleva o nível de desgaste político do governo por ocorrer no quinto mês de uma gestão que paralisou tudo para economizar recursos destinados a investimentos.

O governador concederá entrevista coletiva hoje, às 15h. Para falar sobre a greve dos professores – é o que se imagina. A viagem e os resultados acabaram sufocados pela paralisação do magistério.

Raimundo Colombo tem demonstrado, desde que chegou, uma estranha tranquilidade em relação à greve. Pode ter cartas na manga para futuras negociações para o fim da paralisação, especialmente depois dos contatos feitos com o Ministério da Educação, em Brasília. Ou pode ser desinformação sobre a dimensão real da greve dos professores. Santa Catarina inteira torce pela primeira alternativa e que negociações cheguem a um final feliz




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