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quarta-feira, 30 de março de 2011

PROFESSORES DECIDEM SE ENTRAM EM GREVE



30 de março de 2011



Assembleia prevista para amanhã vai resolver se haverá ou não a paralisação das aulas na rede pública; governo diz que ofereceu proposta dentro dos limites do orçamento

Fonte: Correio Braziliense (DF)
Ana Pompeu

Os professores da rede pública de ensino do Distrito Federal ameaçam entrar em greve. A decisão deve ser aprovada em assembleia convocada para amanhã no estacionamento do estádio Mané Garrincha. A categoria, formada por 30 mil profissionais, exige 13,83% de reajuste salarial na folha de pagamento de março.

Em contrapartida, o Governo do Distrito Federal (GDF) oferece 5%. Os educadores não pretendem ceder à proposta do governo por considerarem que o governador Agnelo Queiroz (PT) tinha conhecimento da pauta antes de eleito. A categoria havia aprovado em assembleia realizada em 15 de março estado de greve, sinalizando a possibilidade de paralisação.

O percentual de reajuste pedido pelo Sindicato dos professores do Distrito Federal (Sinpro -DF) é o mesmo do aumento do índice do Fundo Constitucional, dinheiro repassado pela União para as áreas de Educação, saúde e segurança. O GDF pediu na época uma semana para elaborar uma proposta. Em reunião com os sindicalistas, o governo ofereceu os 5% de aumento.

O sindicato quer a garantia de que o aumento do salário vai continuar vinculado ao índice do Fundo Constitucional. Para o Sinpro-DF, a posição do governador é uma surpresa, já que, em campanha no segundo turno, Agnelo se comprometeu a aceitar algumas reivindicações. “A avaliação é de que a greve será aprovada. Mesmo que tenhamos apoiado a candidatura de Agnelo, é preciso lembrar que a nossa relação com o governo continua sendo a de patrão e empregado”, afirmou a diretora de Imprensa do Sinpro-DF, Roselene Corrêa.

O GDF alegou, por meio de nota aos professores na reunião do dia 25 deste mês, que encontrou um deficit orçamentário de pessoal em torno de R$ 500 milhões. Além disso, reajustes concedidos para 2011, comprometidos na legislação aprovada em 2010, impossibilitaram o atendimento por completo das reivindicações.

Por isso, o governo ofereceu a instalação de um grupo de trabalho para repensar a carreira, a implantação do plano de saúde em janeiro de 2012 e a apresentação do percentual de reajuste do auxílio-alimentação (leia quadro).

O secretário de Administração do DF, Denílson Bento, disse que o GDF apresentou uma proposta de acordo com os recursos disponíveis. “Apontamos que os números de hoje não nos favorecem. Então, temos que esperar se eles (os educadores) vão aceitar a nossa contraproposta. A gente mostrou o deficit que nós temos.

Há acordos feitos com outras categorias em torno de R$ 294 milhões, que incidem esse ano ainda. É óbvio que o governo tem preocupação com os professores e quer reestruturar a carreira, mas não vamos conseguir resolver todas as demandas das categorias em 90 dias de governo.”

Valorização
A possibilidade de greve divide a opinião de pais e de estudantes do DF. A dona de casa Maria Aparecida de Paula Alves, 33 anos, é mãe de Arthur, 9 anos, e Matheus, 14. Os dois estudam em Escolas públicas. “Fico preocupada, porque toda greve prejudica demais o aprendizado das crianças. Mas o professor tem que ganhar melhor mesmo. É muito difícil educar, e eles têm que ser valorizados. É uma situação complicada”, ponderou.

Para a estudante do 1° ano do ensino médio Keyla Oliveira, 14 anos, a greve não é justa para os alunos. “Nem o aluno nem o governo valoriza o professor. Não é fácil. Mas a greve não é justa com a gente”, avaliou. Calebe Rios, também 14, está no 9° ano do ensino fundamental e passou por algumas paralisações. “Já fiquei três semanas sem aula. Afeta muito a nossa rotina de estudo, não tem como dizer que não. Mas é o único modo de eles (os professores) conseguirem o que querem”, disse.

Reivindicações
» Reajuste salarial de 13,83% para março.
» Aumento do auxílio-alimentação para o mesmo valor pago aos servidores da Câmara Legislativa: R$ 585.
» Isonomia com outras carreiras de nível superior do GDF, como a médica, por meio da incorporação de gratificações.
» Reestruturação dos planos de carreira.
» Implantação de plano de saúde completo e programas de habitação.
» Pagamento das pendências financeiras.
» Gestão democrática em toda a rede, que determina, entre outros
pontos, eleições diretas para
a direção da Escola.

Os argumentos e as propostas do GDF
» Deficit orçamentário de pessoal em torno de R$ 500 milhões.
» Reajustes concedidos para 2011, comprometidos em gestão anterior.
» Instalação de um grupo de trabalho para repensar o plano de carreira.
» Implantação do plano de saúde em janeiro de 2012.
» Apresentação do percentual de reajuste do auxílio-alimentação





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