Especialistas dizem
que o governo deveria estar preocupado em mudar a forma como o modelo foi
implementado
06 de janeiro de 2011 | 13h 09
Tiago Dantas - Jornal da Tarde
Em vez de abolir o termo “progressão
continuada” da rede estadual de ensino, o governo deveria estar
preocupado em mudar a forma como o modelo foi implementado, segundo educadores
ouvidos pelo Jornal da Tarde. “O nome não vai mudar muita coisa. O
problema é evitar que esse modelo que está aí se transforme em aprovação
automática”, opina a professora da Faculdade de Educação da USP Silvia
Colello.
“Acho um equívoco não querer usar o termo só porque está mal visto pela
sociedade”, opina a presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial
do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha. “A
progressão continuada veio do movimento de professores e da Academia, de
pessoas que lutavam contra a evasão escolar e a repetência”, completa a
sindicalista.
Segundo Maria Izabel, a sociedade precisa entender que o melhor
professor não é “o que reprova. Mas, sim, o que ensina mais e melhor”. Antes de
atingir esse estágio, de acordo com a presidente da Apeoesp, é preciso
que o governo ouça a classe, invista na formação dos professores e na redução
do número de alunos por sala. “As decisões não podem vir só de cima para
baixo. As escolas podiam ser consultadas se querem adotar ou não a progressão
continuada”.
“Não existe progressão continuada no
Estado”, declara o professor da Faculdade de Educação da USP Vitor Henrique
Paro. “O sistema de ciclos nunca foi adotado (como deveria)”,
critica o professor.
A discussão, segundo Silvia Colello, vai além do modelo educacional. A
sociedade não valoriza o conhecimento como deveria, na opinião da
professora da USP. “O saber não é socialmente valorizado em uma comunidade onde
90% dos garotos querem ser jogadores de futebol e 90% das garotas querem
ser modelos. Como resolver isso? É um desafio que teremos que enfrentar”, diz
Silvia.
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