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terça-feira, 29 de junho de 2010

FUNCIONÁRIOS EM GREVE IMPEDEM PAIS DE DEIXAREM FILHOS EM CRECHE DA USP

29 de junho de 2010


Ação, sem previsão de término, é em protesto à suspensão do salário dos funcionários paralisados
Fonte: O Estado de S. Paulo


JORNAL DA TARDE
Luiz Guilherme Gerbelli

Funcionários em greve da Universidade de São Paulo, comandos pelo Sindicato dos Trabalhadores (Sintusp), impediram ontem a entrada de alunos e professores na creche central da Cidade Universitária. A outra creche do câmpus não funciona desde o início da paralisação, no dia 5 de maio, por causa de piquetes.

Para pressionar por maior reajuste salarial (a categoria teve 6,57% em maio, 6 pontos porcentuais a menos que o recebido pelos professores), sindicalistas já bloquearam o prédio principal da Escola de Comunicações e Artes (ECA), ocuparam a reitoria e fecharam por duas horas, no dia 17, o portão principal da Cidade Universitária. Desde 26 de maio, a reitoria tem um mandado de reintegração de posse, que ainda não foi usado.

O Sintusp ameaça fechar amanhã o Centro de Computação Eletrônica (CCE), que funciona normalmente, caso suas reivindicações não sejam atendidas em uma nova reunião com representantes da reitoria. O CCE é responsável pelo processamento das informações da USP, como a folha de pagamento dos servidores e a matrícula dos alunos.

Ontem, para impedir a o acesso à creche, o sindicato pendurou faixas em todas as entradas. Os grevistas justificaram a interdição como represália à suspensão do salário dos grevistas. "Se a universidade reconhece o direito de greve, não pode cortar o ponto", disse Marcelo Santos, coordenador do movimento.

A creche central atende a 260 crianças de até 6 anos, filhos de servidores da USP. O bloqueio revoltou os pais, que não tinham onde deixar os filhos. "Todos têm direito de greve, mas o movimento está se tornando muito mais político", lamentou a mãe de um aluno que pediu anonimato.

Segundo o presidente da Associação de Pais e Funcionários da Creche Central (Aperf), Acauã Rodrigues, a manifestação assustou as crianças. "Vários pais com criança de colo foram escorraçados. Foi uma gritaria, um desrespeito", afirmou.
Pelos seus cálculos, 25% dos funcionários da creche aderiram à greve.

O Sintusp havia informado na quinta-feira que interditaria a creche. "Os grevistas utilizaram as crianças como reféns do movimento sindical. Eles pegaram a área mais frágil", disse Rodrigues. Não há prazo para o desbloqueio das entradas da creche.

A pedido da reitoria da USP, a Polícia Militar deslocou ontem pela manhã viaturas para proteger o CCE. Segundo a assessoria de imprensa da PM, viaturas foram mobilizadas porque cerca de 150 pessoas faziam uma manifestação pacífica na região. O órgão não informou o número de soldados que participaram da diligência.
De acordo com Anibal Cavali, diretor do Sintusp, as viaturas da chegaram à USP por volta das 5 horas. "Não sei porque a polícia estava aqui hoje (ontem)", disse.
"Já decidimos que vamos fazer piquete no prédio do CCE na quarta-feira, caso nossas expectativas não sejam atendidas na reunião." / COLABORARAM CARLOS LORDELO E LUCIANA ALVAREZ


Depoimento:
Alunos carentes sofrem mais com paralisação
Cynthia Nogueira, aluna do 1º ano de Terapia Ocupacional e moradora do Crusp

- O Estado de S.Paulo

"Sou de fora de São Paulo e não teria condições de estudar sem as políticas de assistência social.

A greve dos funcionários não afetou em nada as aulas. Mesmo os laboratórios e bibliotecas do meu curso estão funcionando normalmente. Mas a rotina ficou bem mais difícil.

Estamos sem ônibus circulares e ando até 50 minutos para ir à aula. O que também me prejudicou foi o fechamento do bandejão (restaurante gratuito para alunos carentes). Tenho de cozinhar na hora do almoço, o que demanda tempo, e às vezes me atraso para o período da tarde.

Estou em um alojamento provisório, esperando vaga em algum quarto do Crusp. Divido com seis garotas um dormitório que tem goteiras e problemas elétricos. Para estudar, temos de nos revezar para usar a única mesa e duas cadeiras.

As condições já são péssimas, mas o pior é que a seleção está parada por causa da invasão dos estudantes ao Coseas. Enquanto não saírem, quem está nos alojamentos continua lá." / L.A.


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