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terça-feira, 25 de maio de 2010

NEGOCIAÇÃO AVANÇA E GREVE PODE ACABAR

25 de maio de 2010

Em reunião, na noite de ontem, governo e sindicato dos professores discutiram proposta para encerrar o movimento
Fonte: Estado de Minas


Hoje, professores da rede estadual vão decidir se põem um ponto final à paralisação que já dura 48 dias ou enfrentam até mesmo a liminar expedida na noite de sexta-feira pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) autorizando o Estado a contratar professores para substituir os grevistas. Eles vão se reunir em assembleia, às 14h, no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul de BH. Para dar continuidade às negociações, ontem à noite, representantes do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-Ute), que lidera o movimento, reuniram-se com a secretária de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena. No encontro, o governo aceitou algumas das reivindicações apresentadas, como uma tramitação mais rápida do projeto de incorporação de vantagens ao salário, e garantiu que não haverá punições para os grevistas. Também ficou acordado o pagamento dos salários dos dias parados tão logo seja apresentado o calendário de reposição. Pais e alunos torcem pelo retorno dos professores ao trabalho, interrompido dia 8 de abril, e o fim da paralisação que, desde 4 de maio, foi considerada ilegal pela Justiça. Segundo a coordenadora geral do Sind-Ute, Beatriz Cerqueira, o sindicato adotou a posição de que não são decisões judiciais que vão pôr fim à greve. Por enquanto, o governo do estado não cogita a demissão de professores, apenas a substituição deles. A sentença do desembargador também não fala de demissões ou exonerações, mas processos administrativos podem acarretar na perda de cargo público.

Beatriz ressalta que a liminar será um dos pontos presentes na pauta. Os professores mostraram-se resistentes até mesmo às sentenças que mexem nos cofres do Sind-Ute. No dia 4, o TJ estipulou multa diária de R$ 10 mil caso os docentes não abandonassem o movimento grevista. Quinta-feira, o desembargador Alvim Soares aumentou o valor para R$ 30 mil por dia, limitado a R$ 900 mil, e determinou o bloqueio da conta bancária da entidade.

Ontem, o governador Antonio Anastasia afirmou esperar avanços na negociação e a retomada do ano letivo. "A greve foi declarada ilegal e agora houve a autorização para novas contratações. Essas decisões vão acabar permitindo que as negociações avancem de maneira mais rápida", disse.

A reivindicação dos professores é de um piso de R$ 1.321 para uma carga horária de 24 horas semanais. O governo insiste que o aumento de 10% concedido em maio à classe, elevando o piso remuneratório de R$ 850 para R$ 935 é o máximo possível, de acordo com a Lei Federal de Responsabilidade Fiscal (LRF). Mesmo assim, uma comissão foi criada pelo estado, com coordenação da SEE, para examinar e aperfeiçoar o plano de carreira e a remuneração dos profissionais da Educação básica.

Longe da sala de aula há mais de um mês, o adolescente Jackson Barbosa da Silva, de 14 anos, aluno da 7ª série da Escola Estadual Caio Nelson, no Bairro Caiçara, na Região Noroeste, está contando os dias para voltar à Escola. "Está muito ruim, há tempos não temos aula. Acho que agora vou ter que me esforçar bastante para passar de ano, vamos ter que estudar no sábado e perder muitos dias de férias ano que vem. Nem imagino como será para repor as aulas", afirma ele, esperançoso para que hoje seja seu último dia em casa. "Disseram lá na Escola que quarta-feira deve ter aula", diz.

Para o pai dele, Lourival Barbosa de Sousa, de 47, o fim da greve significará tranquilidade. "Fico muito preocupado de ele não estar estudando. Está difícil ver o filho dentro de casa, à tôa", desabafa.









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