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terça-feira, 20 de outubro de 2015

Banco Mundial diz que Brasil precisa de mudanças na educação

 20 de Outubro de 2015

Fonte: Nota 10

Apesar de o Brasil ter avançado de forma significativa na última década em vários quesitos educacionais, os jovens brasileiros do ensino médio ainda convivem com um nível educacional inferior ao dos alunos pobres da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDC), constituídos basicamente de imigrantes ou refugiados.
A análise foi feita por Cláudia Costin, diretora global de Educação do Banco Mundial durante palestra na XXVI Conferência Anual do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal), encerrada na sexta-feira (16), no Rio de Janeiro. O evento, cujo tema central foi “América Sem Fronteiras”, reuniu mais de 200 lideranças políticas e empresariais, além de líderes setoriais de todo o continente para debater os principais problemas da região.

Segundo Cláudia, para que a educação brasileira alcance os níveis exigidos pelos desafios a ser enfrentados pelo país no futuro, será necessário conciliar uma agenda do Século 19, ainda não plenamente cumprida no Brasil, com a agenda do Século 21. “Apesar dos nossos avanços, continuamos com um nível de analfabetismo funcional de 20%; apenas 37% dos jovens concluem o ensino médio; nada menos que 2,7 milhões de alunos estudam à noite, o que se configura um arremedo de ensino, pois esses estudantes apresentam uma nota média de 3,7, segundo pesquisa do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e deveriam ser reprovados”, avalia a diretora global do Banco Mundial.

No entender da palestrante é necessário um pacto nacional por uma transformação radical na estrutura educacional do Brasil. A avaliação e a recomendação de Cláudia foi referendada pelos debatedores que participaram da palestra.
Para Guiomar Namo de Melo, integrante do Conselho de Educação do Estado de São Paulo, o ponto central a ser mexido para melhorar o nível educacional do país é na formação dos professores. “A meu ver, temos de ter claro que dar uma graduação maior aos professores não reflete em melhoria do nível de ensino dos alunos. Diversos estudos confirmam isso. Se um professor tem pós-graduação isso não melhora o nível educacional dos alunos. Precisamos convencê-los e também os líderes sindicais a entender que a formação profissional tem de privilegiar aspectos práticos ligados a didática de ensino”, observa Guiomar.

Falando a uma plateia formada basicamente por empresários, a educadora salientou que é urgente uma parceria do setor público com o privado para alavancar ações que aprimorem a educação. Com a tese concorda outro palestrante, o empresário Roberto Zamora, do Grupo Lafise. “Educação não deve ser uma responsabilidade somente dos governos. Setor privado tem de ter uma participação mais direta”, comenta.

Para Eduardo Queiroz, da Fundação Cecília Souto Vidigal, a prioridade zero para a melhoria da educação brasileira é dar uma atenção maior à primeira infância, que vai até os seis anos. “Diversos estudos de neurocientistas comprovaram que os principais fatores decisivos na formação do futuro indivíduo ocorrem nessa primeira infância”, comenta Queiroz. A palestra foi moderada por Carlos Braga, professor do IMD Lausanne, da Suíça, e contou ainda com a participação de Mauro Aguiar, diretor do Colégio Bandeirantes, de São Paulo.

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